Smartphones serão o centro de sua rede pessoal de acessórios, diz analista

2014 ficou marcado como o ano em que os smartphones de tela grande caíram no gosto popular. Quase todos os aparelhos de ponta lançado no ano vieram com telas de 5 polegadas ou mais e até a Apple se rendeu à tendência com o iPhone 6 Plus.

No próximo ano, a tendência é que a integração com acessórios seja um dos diferenciais desse mercado, opina Horace Dediu, analista da renomada consultoria Asymco.

“O diferencial será a construção de um bom ecossistema de acessórios, como fones de ouvido, caixas de som, relógios etc. O smartphone será o ponto central de uma rede pessoal de cada usuário”, diz o analista.

Em entrevista exclusiva ao iG, Dediu comenta alguns cenários do mercado de smartphones de 2015, incluindo a mudança de estratégia da Samsung e a dificuldade da Microsoft em emplacar o Windows Phone. Confira a seguir a íntegra da entrevista.

iG – Espera-se que a Samsung mude sua estratégia em 2015, fabricando menos aparelhos e focando esforços em poucos modelos de smartphone. Como você avalia essa estratégia?

Dediu – Sempre houve questionamentos sobre a sustentabilidade do negócio de smartphones da Samsung. O mercado está evoluindo rapidamente e há muitas novas marcas surgindo. As vantagens de escala e verba de marketing que a Samsung tinha há alguns anos estão desaparecendo. É parte do ciclo de comoditização, ou seja, do processo que torna produtos inicialmente diferenciados em algo comum.

Uma empresa como a Samsung pode ser ajustar ao atuar em novas categorias de produtos e certamente haverá outras oportunidades de crescimento. Mas haverá um período de baixa, que talvez dure um ano. O que a Samsung tem que manter é sua estrutura de controle familiar que permite que a empresa tome decisões e se reconstrua sem muita interferência de investidores e do mercado. 

iG – O Windows Phone foi lançado há alguns anos, mas ainda tem uma fatia pequena do mercado. O que a Microsoft pode fazer para ganhar mais mercado no próximo ano?

Dediu – Creio que o problema com o Windows Phone foi que o sistema demorou demais. Se a Microsoft tivesse lançado o produto em 2008/2009 eles talvez pudessem ter conquistado uma parte do mercado ocupada pelo Android. O crescimento explosivo do mercado a partir de 2010 favoreceu o Android, que já estava pronto. O Windows Phone só foi lançado no fim daquele ano e ficou em desvantagem. 

Hoje é tarde demais. Mesmo se o sistema fosse “perfeito” (o que não é), estamos já em uma fase adiantada do ciclo de aquisição de smartphones. Em países mais desenvolvidos, há poucas pessoas que ainda não têm um e as plataformas dominantes se beneficiam do efeito de lock-in. O efeito de lock-in faz com que a mudança de plataforma seja muito difícil, pois o usuário tem que aprender um novo sistema e perde tudo o que comprou em apps, músicas etc. 

iG – O tamanho da tela tem sido um fator importante na decisão de compra de um smartphone. E para 2015, qual seriam os aspectos que podem crescer em importância?

Dediu – Os aspectos mais importantes serão aqueles que ainda não são bons o suficiente. O tamanho da tela parece ter sido algo que incomodava muita gente e aumentou, prejudicando a portabilidade e o uso com uma só mão. Esse equilíbrio ainda não é o ideal, na minha opinião.

Mas o mais interessante será criar um ecossistema de acessórios em torno do smartphone (fones de ouvido, caixas de som, relógios etc). Quem conseguir fazer isso da melhor forma deve levar vantagem. A ideia é que o smartphone vai se tornar o ponto central de uma rede de acessórios pessoais do usuário. 

iG – O que esperar da Motorola sob a administração da Lenovo?

Dediu – Não espero muita coisa, apenas um crescimento da Lenovo nos países em que a Motorola tem uma presença mais forte.

iG – Qual a importância da chegada da Apple ao mercado de relógios inteligentes com o Apple Watch?

Dediu – É extremamente importante, tanto quanto o iPhone foi para o mercado de smartphones. A simples entrada da Apple nesse mercado cria uma demanda pelo produto.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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