Petrobras suspende programa que funcionava em Buracica e prejudica 200 crianças da zona rural de Alagoinhas – Exclusiva
A saída da Petrobras do estado da Bahia, anunciada recentemente pela diretoria executiva da empresa, além dos reflexos econômicos diretos, também já começa a impactar negativamente nas áreas social e educacional. A gerência de Responsabilidade Social da estatal comunicou nesta semana a suspensão do Programa de Criança, que funcionava em Alagoinhas há 14 anos (unidade de Buracica).
Com isso, 200 crianças entre 8 e 13 anos, que residem nas localidades de Guabiraba, Camboatá, Pindobal, Espinho, Tucum, Fazenda Vitória, Cambuí, Portões, Miguel Velho, Boa União e Cangula serão prejudicadas.
Estudantes de Panelas, que pertence ao município de Catu, também participavam do programa.
O programa atendia estudantes regularmente matriculados no ensino fundamental.
Segundo o vereador Radiovaldo Costa (Rede), funcionário da Petrobras há 30 anos, o programa foi referência em quase uma década e meia nos aspectos social e educacional, porque esteve direcionado para famílias carentes, oferecendo apoio pedagógico, aulas de artes, práticas esportivas, duas refeições diárias e atendimento psicológico aos estudantes. “A suspensão do Programa de Criança é uma grande perda para os estudantes e suas famílias”, pontuou Costa.
O encerramento das atividades resultará, ainda, na demissão de 15 profissionais que atuavam no atendimento à clientela do programa: professores, técnicos, pedagogos, psicólogos, preparadores da alimentação e agentes de limpeza. Todos já estão em processo de desligamento, cumprindo aviso prévio e realizando exames demissionais.
A decisão da Petrobras, sem nenhuma comunicação anterior, surpreendeu alunos e familiares. As atividades de 2016 ainda não haviam começado e a expectativa foi frustrada com o aviso da estatal.
Na Bahia, o programa terminará em Alagoinhas e Candeias. Em outros sete municípios de produção petrolífera as atividades não serão suspensas.
Manifestação
Na segunda-feira (25), em frente à unidade da Petrobras em Buracica, será realizada manifestação contra o encerramento do programa com participação de familiares dos estudantes.
Antônio Sérgio, gerente nacional de Responsabilidade Social da Petrobras, será questionado na próxima semana sobre os motivos do encerramento do programa. Uma reunião no Rio de Janeiro para tratar da questão e cobrar a continuidade do trabalho não está descartada.
A gerência da Unidade Operacional da Petrobras (UO-BA) também será mobilizada.
Radiovaldo Costa se reuniu nesta semana, logo após o comunicado da empresa, com pais de estudantes na sede do programa. Para ele, só a mobilização da sociedade alagoinhense – políticos, representações sindicais, entidades de classe, imprensa, Prefeitura de Alagoinhas e Câmara de Vereadores – será capaz de barrar o encerramento do Programa de Criança. “Alagoinhas ofereceu muito ao Brasil e à Petrobras, por isso é inconcebível que neste momento a empresa queira economizar recursos com a suspensão do programa”, assegurou.
