Trégua política antecede 2017 decisivo para Temer
O mercado comemora o momento de trégua na política com o Congresso e o Judiciário entrando em recesso esta semana e as notícias sobre delações de políticos escasseando nos jornais.
Com o fim do recesso no Legislativo e Judiciário, o clima em Brasília tem tudo para voltar a ser tenso para os políticos com a retomada da Lava Jato.
Em março, pode entrar em pauta uma uma série de testes para o governo, com a Previdência sendo avaliada pela comissão especial da reforma, o processo contra a chapa Dilma-Temer no TSE ganhando sequência e eventuais protestos, diz o cientista político Christopher Garman, da Eurasia.
“Deveremos ter muito ruído no Congresso e estresse no mercado.”
Garman, que manteve em 20% seu cálculo de probabilidade de Temer perder o mandato, considera que o cenário favorável à aprovação das reformas foi mantido ou até reforçado, mesmo com as turbulências recentes que envolvem o governo, Congresso e Judiciário.
As chances de aprovação de uma robusta reforma da Previdência, sobretudo, seriam maiores hoje do que há dois meses.
Antes, argumenta o consultor da Eurasia, parte do Congresso contava com a volta do crescimento em 2017 e já começava a achar que não se precisava mais de uma reforma tão rígida.
Com a piora recente das expectativas para a economia, contudo, o sentido de urgência em reduzir o déficit da Previdência aumentou.
Os parlamentares sabem que o mercado está preocupado com a fragilidade do país e se a reforma não passar o dólar pode facilmente subir para até R$ 4,00, diz Garman.
Apesar dos riscos políticos, o mercado tem conseguido recentemente manter os nervos sob controle graças à preservação da agenda das reformas, com a aprovação da PEC do teto de gastos e o fato de a reforma da Previdência ter passado na CCJ da Câmara.
O efeito do ruído político no mercado tem sido limitado, diz Maurício Oreng, estrategista do Rabobank. “Os pontos mais importantes para o mercado são reformas e governabilidade”.
Para Oreng, o cenário base continua sendo de avanço das reformas no ano que vem, com a mudança na Previdência passando em meados do ano, possivelmente no terceiro trimestre.
Na visão do mercado, as mudanças estruturais são o pilar necessário para estabilizar a economia, interrompendo o crescimento da dívida, e assegurar a volta do crescimento.
As reformas são necessárias para pavimentar a chamada ”ponte” entre o momento atual e a eleição de 2018 e ganharam um peso tão grande no cenário da economia em 2017 que a aprovação, ou rejeição, das mudanças poderá ser decisiva até mesmo para o mandato de Temer, diz Christopher Garman. “Ou ele aprova as reformas ou ele cai.”
Fonte: Bloomberg