Para governo, Brasil será prejudicado por acordo entre EUA e UE
A negociação entre os EUA e a União Europeia (UE) para a formação de uma área de livre-comércio preocupa setores do governo brasileiro.
A avaliação é que o Brasil sairá inevitavelmente prejudicado caso o acordo prospere, diante das vantagens que as empresas americanas e europeias ganharão com barreiras comerciais menores.
Uma equipe do Itamaraty começou a mapear os impactos da área de livre-comércio e o relatório deve ficar pronto nas próximas semanas.
Com o crescimento das vendas para a China, principalmente de commodities (como minério e soja), a participação dos EUA e da União Europeia nas exportações de produtos brasileiros caiu de forma significativa nos últimos cinco anos.
Juntos, os dois mercados absorveram mais de 40% das exportações brasileiras em 2007. Em 2012, compraram pouco mais de um terço.
A perspectiva de que as duas potências iniciem as discussões já em junho deste ano assusta técnicos do governo. O debate pode monopolizar as atenções das autoridades europeias, relegando a segundo plano as conversas para a criação da área de livre-comércio entre o Mercosul e a UE, iniciadas em 1999.
Segundo um técnico do governo a par das negociações, o Brasil pode acabar pagando o preço pela demora em avançar no acordo.
Após seis anos de interrupção, as conversas foram retomadas em 2010. Na prática, portanto, o Brasil já poderia ter formulado sua proposta e a levado para apreciação dos demais membros do bloco.
Em setembro do ano passado, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) decidiu abrir uma consulta pública sobre o tema antes de levar adiante novas conversas com os parceiros do Mercosul.
Segundo apurou a Folha, na análise de técnicos do Ministério do Desenvolvimento e do Itamaraty, a iniciativa retardou ainda mais o processo, já que não se trata de um trâmite obrigatório.
O plano agora, acertado em janeiro deste ano entre autoridades dos dois blocos, é que os países do Mercosul entrem em acordo sobre o que irão propor à União Europeia até o quarto trimestre de 2013.
Segundo o Itamaraty, o anúncio das negociações entre EUA e UE não vai acelerar as negociações do Mercosul com os europeus e o cronograma anterior será mantido.
Fonte: Folha de São Paulo