Câmbio não será instrumento para controlar inflação, diz Mantega
O câmbio no Brasil está num patamar bastante razoável e “dá certa competitividade” à indústria, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Se dizendo satisfeito com o patamar atual, ele disse que a apreciação da moeda norte-americana registrada no início deste ano, quando a cotação do dólar saiu de algo em torno de R$ 2,10 para um nível ligeiramente abaixo de R$ 2, ocorreu “dentro de uma margem razoável”.
“Estamos com câmbio que dá certa competitividade para as exportações brasileiras e que não permite tanta invasão de produtos a preços artificialmente baixos”, afirmou.
Pouco antes de iniciar os debates com os países parceiros do G-20, na Rússia, onde a manipulação da taxa de câmbio é um dos temas em pauta, Mantega negou que o governo trabalhe com uma meta para cotação do dólar. “Não há meta”, afirmou o ministro.
INFLAÇÃO PREOCUPA
O ministro disse ainda que o câmbio não será instrumento para controlar inflação e que os juros ainda são a principal arma do Banco Central contra alta de preços.
Segundo ele, suas declarações nas últimas semanas –que foram na direção oposta às atuações do BC no mercado de câmbio– foram justamente para tentar desfazer a ideia que começou a ganhar força no mercado financeiro de que o governo usará a apreciação da moeda, que favorece importações, para tentar segurar a alta dos preços.
O ministro admitiu que sempre que a inflação ultrapassa o centro da meta, isso é uma preocupação para o governo e deixou claro que o BC tem espaço para agir.
“[Inflação] acima do centro da meta já acende o sinal de alerta e o governo fica atento para ver se não vai sair de controle”, disse.
“O BC tem que ficar vigilante e se a inflação não ceder espontaneamente, tomará as devidas providências”, destacou.
Questionado se isso pode significar alta de juros ano, disse que esse é assunto do BC.
No entanto, o ministro argumentou que o governo vem adotando medidas para tentar minimizar a recente alta de preço. Uma delas, a redução do preço da energia, terá impacto no índice oficial de inflação, o IPCA, de fevereiro.
“Temos que distinguir fatores sazonais de fatores estruturais, que são mais preocupantes. Não vejo fatores estruturais”, argumentou. Para o ministro, o cenário para inflação tende a melhorar ao longo do ano.
Fonte: Folha de São Paulo