“Pai rico, filho nobre, neto pobre” – Hugo Leonardo

Uma vez convidado pelo jornalista, e dileto amigo, Maurílio Fontes, para colaborar, ao menos de quando em vez, com o seu festejado Alagoinhas Hoje, veio-me um sentimento misto de honra e desconforto, dada a carga diária de trabalho. Todavia, porque de quando em vez, rendo-me a mais este mister.

Devo dizer, primeiro que tudo, que não gosto de comentar assunto do momento, pois, a mim me parece que todo momento, em regra, é perigoso. Mas se da notícia do momento, formos mais a fundo, penso que há muito que se cogitar.

Ora, sem querer fazer juízo de valor, nem condenar previamente ninguém, mas, se forem verídicos os fatos apontados aos personagens da atual e famosa “OPERAÇÃO 13 DE MAIO”, da Polícia Federal, vem-me à baila um pano de fundo que diz com a História do nosso País e uma pergunta que não quer calar: POR QUE AS ELITES BRASILEIRAS SAQUEIAM, QUASE SEMPRE, OS COFRES PÚBLICOS?

E a resposta, penso eu, pode ser simples: porque, em regra, não estudam.

Com efeito, os filhos das famílias mais abastadas, se estudam, a rigor apenas o fazem para ostentar um diploma ou um título de “doutor”, mas, trabalhar que é bom mesmo na área – NADA. E isso ocorreu muito na Região Cacaueira, onde, ao invés de agrônomos, formaram-se muitos médicos e advogados, culminando com a falência por conta da praga da vassoura de bruxa, que talvez não incidisse se a terceira (ou quarta) geração de cacauicultores fossem pesquisadores.

Comum é ver maioria dos “filhinhos de papai” muito cedo ostentando carrões, roupas de marcas caríssimas, viagens ao exterior, inúmeras namoradas, enfim, toda espécie de luxo. Mas ralar nos bancos escolares e das faculdades que é bom, poucos querem.

Nossa tradição então é: “PAI RICO, FILHO NOBRE, NETO POBRE”. Ou então, como me dizia meu avô, o “PAI GANHA, FILHO GASTA, NETO PASTA”.

Mas, e as exceções? Existem sim. São raros e honrosos exemplos como o dos donos da Loja Barreto, cujo patriarca cuidou para que os filhos estudassem, e algum deles teve a ideia de criar o primeiro crediário próprio de Alagoinhas. Resultado – patrimônio sólido, atividade empresarial consolidada e apta a prestar serviços a enorme parcela da população de Alagoinhas.

Mas, alguns dos que não seguem esse caminho, se alinham em blocos para tomada do poder político e, uma vez lá, tal qual aves de rapina, roem até onde podem o patrimônio público.

Outros até insistem em tocar a atividade econômica dos pais honestamente mas, sem estudo, pouco crescem e “quem não cresce, desparece”.

Como dizia o saudoso Judélio “dinheiro público desviado é amaldiçoado”.

E, se assim o é, segue-se a velha tradição: “pai rico, filho nobre, neto pobre”.

*Hugo Leonardo é advogado e militante do PCdoB.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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