Os desafios de Paulo Cezar – Maurílio Fontes

O ex-vereador, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Alagoinhas Paulo Cezar completa 67 anos neste sábado, 9 de março.

Político da velha guarda que sempre teve no clientelismo sua principal fortaleza e que ainda mantém laços com segmentos do eleitorado a partir da relação direta, mas sem a apresentação de projetos elaborados tecnicamente (como demonstrado na eleição de 2020) e que indiquem o futuro que deseja para Alagoinhas.

Populista, Paulo Cezar discorre mais sobre o passado do que sobre o futuro, como se o presente tivesse alguma relação com o tempo em que foi gestor do município.

As forças políticas que estiveram ao seu lado no passado minguaram e o núcleo duro que gravita em seu entorno carece de gente que pense à frente e seja capaz de inovar na gestão da res publica (obviamente existem raras exceções, mas que dificilmente prevalecerão diante do modus operandi cezista, largamente concentrador, familiar e personalista).

Paulo Cezar disputará a sexta eleição para a Prefeitura de Alagoinhas (em 1996, foi candidato à vice na chapa encabeçada pelo advogado Harnoldo Azi, o que totaliza sete disputas majoritárias).

Esta insistência pode ser caracterizada como apego ao poder? A resposta é óbvia.

O fato é que as forças políticas que o apoiam não foram capazes de, ao longo das últimas eleições, construírem um projeto capaz de substituí-lo, o que demonstra baixa capacidade de renovação e desconexão com as novas demandas da cidade.

Em última análise, se tornaram reféns do ex-prefeito e mantêm a aliança mais por necessidade do que por crença na capacidade “governativa” do ex-gestor alagoinhense. Ademais, fecham os olhos (e o cérebro para o passado cabuloso do ex-administrador alagoinhense).

Paulo Cezar terá grandes desafios na disputa eleitoral deste ano.

Por enquanto, corre solto, faz dancinhas e tenta, com certo artificialismo, se adaptar ao ambiente das redes sociais, algo complicado para um político que disputa eleições há quase quatro décadas.

O discurso monotemático é enfadonho para segmentos eleitorais que exigem mais dos políticos que pretendem governar Alagoinhas, cuja importância política e econômica cresceu nos últimos anos.

A histórica e conhecida malemolência no cumprimento de acordos com postulantes ao legislativo afastou importantes lideranças de sua pré-candidatura e é um grande obstáculo a ser contornado neste ano. Inúmeros casos são conhecidos e encheriam a tela do celular, computador ou tablet de quem lê este artigo.

Outro grande desafio de Paulo Cezar: enfrentar as forças políticas dos governos estadual e federal, com as quais manteve alinhamento e rompeu por questões até hoje não explicadas, o que o coloca como adversário de algumas “cabeças coroadas” da politica baiana e nacional, sem nenhuma possibilidade de diálogo.

Há mais um ingrediente complicador: não existe confiança total dos aliados de ontem e do presente sobre os caminhos trilhados por Paulo Cezar em caso de vitória.

Assim como agiu no passado, o ex-prefeito migraria do campo oposicionista para as forças situacionistas estaduais e nacionais?

Madame Beatriz, famosa vidente soteropolitana da década de 1980, não precisaria utilizar seus poderes premonitórios para apresentar uma resposta coerente.

Paulo Cezar se intitula como “fenômeno” político, mas desde 2014 não vence uma eleição, seja com indicados ou a apresentação de seu próprio nome aos eleitores. São cinco disputas sem os resultados esperados.

Em 2024 jogará, provavelmente, sua última cartada eleitoral. Alea jacta est (a sorte está lançada), Paulo Cezar Simões Silva.

E o desfecho nas mãos das eleitoras e dos eleitores de Alagoinhas.

 

Foto: Alagoinhas Hoje -2016

 

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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