Força Sindical e CUT costuram acordo para pressionar montadoras

Em um aspecto, montadoras, autopeças e metalúrgicos concordam: faz mais de dez anos desde que viram, pela última vez, um cenário tão crítico para o setor. No entanto, as concordâncias param por aí. Diante da resistência de montadoras e outras empresas da cadeia produtiva automobilística em corrigir os salários, centrais sindicais se preparam para unir forças para pressionar as empresas.

A iniciativa partiu da Força Sindical, que pleiteia apoio para a sua campanha salarial, com data-base em 1º de novembro. Na terça-feira (26), o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, ofereceu suporte para a dura campanha salarial da CUT. “Este é o momento de nos unir. O trabalhador pode sair prejudicado e não podemos deixar a política partidária interferir na luta sindical”, explica.

A preocupação de Torres faz sentido. Atualmente, a cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de trabalhadores, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. No front de venda, a coisa vai mal – a queda na venda de veículos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), já chega a 17% neste ano.

Com uma queda tão grande nas vendas, é natural que as negociações salariais estejam travadas – e isso é o que mais preocupa Torres. “Os metalúrgicos ligados à CUT já tomaram muito balde de água fria. Estamos preocupados”, diz Torres.

Com a data-base para o acordo coletivo marcada para o 1º de setembro, os sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhador (CUT) ainda não receberam sequer uma proposta econômica das empresas.

Segundo o presidente da Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da CUT, Valmir Marques da Silva, o Biro-Biro, as negociações estão muito atrasadas. “As empresas estão com dificuldade de chegar a um acordo entre elas mesmas para propor o acordo”, explica.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, é um dos que enfrenta um cenário pouco favorável. A Mercedes-Benz, fabricante de caminhões, já tem 1,2 mil funcionários com contratos de trabalho suspensos. Atualmente a empresa negocia possibilidades de redução de salário e corte de pessoal. Procurada pelo iG, a Mercedes não disponibilizou porta-voz.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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