Os dilemas do PSDB na sucessão presidencial – Maurílio Lopes Fontes

A morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), político da nova geração, ceifou seus sonhos, mas, aparentemente, matou também as esperanças de Aécio Neves (PSDB), atual senador e ex-governador de Minas Gerais (2003/2010), chegar à presidência da República. 

Tancredo Neves, seu avô, sempre dizia que presidência da República é destino. Os destinos de Eduardo Campos, Marina Silva (PSB), Aécio Neves e da presidente Dilma Rousseff (PT) se imbricaram de tal forma que os cenários eleitorais viraram de ponta cabeça e estabeleceram um novo marco, após a morte de Campos e a definição de Marina Silva como candidata do PSB e partidos coligados. 

O destino, ao que parece, colheu Aécio Neves de surpresa e determinou ao PSDB dilemas quase insuperáveis nestes 40 dias que restam para o primeiro turno. Neves teria que deixar de atacar Dilma e centrar fogo em Marina, mas esta mudança tática e estratégica poderia se transformar em um bumerangue,  colocando a política acreana no panteão de vítima, algo que em processos eleitorais renhidos tem o condão de carrear votos na reta final da campanha para a pessoa atingida.  

De outro lado, eleitores não identificados com o PSDB e seu candidato, que optaram pelo político mineiro por falta de opção, poderiam, na undécima hora, vincular-se à Marina Silva, levando-a, inclusive, a superar a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno.

O momento impõe a Aécio ação imediata para reverter a sangria de votos e estabelecer uma curva ascendente que o qualifique para a disputa, improvável, do segundo turno. Aparentemente, não há mais espaço para Neves nas urnas do dia 26 de Outubro, quando a população brasileira escolherá a (o) dirigente máxima (o) da Nação.

Sob tensão, a campanha do PSDB, em nível nacional, terá que repensar táticas e estratégias com o jogo em curso, numa disputa complexa e que não admite, à esta altura, qualquer deslize. Obviamente, o candidato e sua assessoria não acusarão o golpe e  tentarão passar confiança aos eleitores com objetivo de manter aquilo que já está cristalizado.

Muito dificilmente Aécio conquistará novos eleitores e sua chegada ao segundo turno dependerá, diretamente, da queda de Marina, visto que qualquer cenário, pela força do cargo, da coligação partidária, tempo de TV e rádio, e da militância petista, sempre aguerrida, coloca Dilma Rousseff na disputa do dia 26 de Outubro. 

Só resta a Aécio centrar fogo em Marina de forma mais direcionada e torcer que os índices registrados na pesquisa IBOPE, publicada hoje, sejam meros balões de ensaio. Fora disso, não há alternativa para o senador.

Toda ação, a partir de hoje, poderá ser um tiro no escuro. São dilemas que o PSDB  terá que enfrentar. E mais do que isso: decifrar, para não ser devorado e ficar mais quatro anos sem o controle do governo central. 

*Editor do site Alagoinhas Hoje e especialista em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública (UCSAL – 2006)

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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