Denúncias contra a Prefeitura de Aramari: Conselheiro Acácio, a reinvenção do jornalismo e direito de resposta em emissoras de rádio de Alagoinhas – Maurílio Fontes
O conselheiro Acácio, célebre personagem do grande Eça de Queirós, aparentemente, sentou praça em Aramari.
Maus presságios para o prefeito Fidel Dantas.
Péssimos conselheiros. Maus conselhos acacianos.
Uma fonte me informou nesta segunda-feira (22), sob condição de anonimato, que o prefeito de Aramari utilizará, amanhã (23), microfones de emissoras amigas para contestar denúncias publicadas pelo Alagoinhas Hoje.
Pura reinvenção do jornalismo e validação de algo completamente contrário aos manuais de comunicação: direito de resposta em veículos nos quais nenhuma denúncia foi apresentada.
Na verdade, serão Informes Publicitários travestidos de entrevistas, nas quais haverá muita “falação” e poucos questionamentos – ou nenhum – sobre as denúncias publicadas pelo Alagoinhas Hoje, cuja gravidade é latente, clara e objetiva.
Desplante de lado a lado, postura acrítica de quem deveria fazer perguntas e tentativa de inverter os fatos, com notória repercussão política e administrativa.
O Alagoinhas Hoje, até às 16 horas desta segunda-feira, não havia sido procurado pela assessoria de comunicação da Prefeitura de Aramari para requerer o direito de resposta em relação às denúncias de um vereador oposicionista, que está exercendo seu dever de fiscalizar o Executivo, tornando público aquilo que considera fora dos padrões aceitáveis da gestão pública.
Este seria o primeiro passo da assessoria de comunicação do poder público aramariense: procurar o site e exercer, aí sim, dentro das regras elementares do jornalismo, o direito de resposta.
Mas, sabendo que não seria um jogo de compadres, o governo municipal optou pelo silêncio sepulcral.
Pior para a imagem da administração fidelista.
A matéria-denúncia do Alagoinhas Hoje ultrapassou as fronteiras da Bahia.
Exemplo: filha de Olhos D´Água, que mora em São Paulo, fez brevíssimo comentário, abaixo do link da matéria, na página do Facebook do site: “É a mudança”.
Síntese esclarecedora, irônica, inteligente, perspicaz, que certamente conta com apoio de moradores do município e de aramarienses residentes em outras cidades.
Recorrer a emissoras de rádio de Alagoinhas é sinal claro da garantia de um ambiente acolhedor, pois em situações muito especiais, o jornalismo dá lugar a outros tipos de conversações, que pretendem jogar o barro na parede, oportunizar a propagação de verdades relativas ou mesmo construir cenários destoantes do dia a dia da cidade.
Foi assim na administração passada, quando o ex-prefeito vendia, em padrões suíços, os serviços prestados pela prefeitura.
Ninguém questionava as verdades reprováveis e pouco “verdadeiras”.
Assim será, também, na nova e já envelhecida administração.
Os âncoras de programas radiofônicos de Alagoinhas possuem grande capacidade de fazer novas amizades com os donos do poder.
Nem que para isso precisem praticar tudo, menos o jornalismo, em um veículo nobre e quase centenário, que é o rádio, surgido no Brasil na longínqua década de 20 do século passado.
O conselheiro Acácio, em sua forma fantasmagórica, parece distribuir conselhos para o prefeito de Aramari e a alguns radialistas de Alagoinhas.
As frases de efeito do alcaide aramariense e dos radialistas não surtirão os resultados desejados.
Se perderão no ar porque serão (e estarão) desprovidas do mise en scène acaciano.
Ele, Acácio, é o amálgama que os unirá por tempo limitado.
Mas só enquanto o poder durar.
Conselheiro Acácio é uma das personagens da obra O Primo Basílio, de Eça de Queirós. Esta figura fictícia tornou-se célebre como representação da convencionalidade e mediocridades dos políticos e burocratas portugueses dos finais do século XIX, sendo até à actualidade utilizada para designar a pompa balofa e a postura de pseudo-intelectualidade utilizada por muitas das figuras públicas portuguesas. Deu origem ao termo acaciano, designação utilizada para tais figuras ou para os seus ditos. Fonte: Wikipédia.
