Arthur Lira endossa Bolsonaro, lança insinuações sobre pesquisas e pede punição a institutos

Aliado de Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou nesta quinta-feira (22) o que chamou de “resultados tão divergentes” das pesquisas de intenção de voto, insinuou haver manipulação dos dados e defendeu medidas legais para punir institutos que “erram demasiado ou intencionalmente” para prejudicar candidatos.

A manifestação ocorreu em uma rede social. “Nada justifica resultados tão divergentes dos institutos de pesquisas. Alguém está errando ou prestando um desserviço”, afirmou.

“Urge estabelecer medidas legais que punam os institutos que erram demasiado ou intencionalmente para prejudicar qualquer candidatura.”

“Não podemos permitir que haja manipulações de resultados em pesquisas eleitorais. Isso fere a democracia”, complementou, sem apresentar provas de nenhuma pesquisa que tenha sido manipulada.

Pouco após a publicação da reportagem, Lira voltou à mesma rede social para dizer que não acusou “nenhum instituto de manipular pesquisa”.

“Apenas, como milhares de brasileiros, não entendo tantas divergências de números. Devemos agir dentro da legalidade para evitar manipulações. Quem vestiu a carapuça precisa se explicar”, escreveu.

As contestações ocorrem em um cenário em que pesquisas de institutos como Datafolha e Ipec colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do atual mandatário.

Levantamento Datafolha da última quinta-feira (15) mostrou o petista com 45% das intenções de voto, estável. O atual presidente oscilou negativamente de 34% para 33%. Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, vêm Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Pesquisa do Ipec, divulgada na segunda-feira (19), trouxe resultados semelhantes: Lula com 47%, Bolsonaro com 31%, Ciro, 7%, Tebet, 5% (com margem de erro também de dois pontos percentuais).

O ataque de Lira às pesquisas, sem citar nenhum dos institutos dos quais desconfia, ocorre também em um momento de violência contra pesquisadores que fazem o trabalho de campo.

Na última terça-feira (20) um pesquisador do Datafolha foi agredido com chutes e socos por um bolsonarista em Ariranha (a 378 km de São Paulo).

Segundo o Datafolha, relatos de pessoas que passam gritando, acusando o instituto de ser comunista ou tentando filmar os entrevistadores como forma de intimidá-los têm sido comuns. Houve casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Sobre o caso de Ariranha, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), prestou solidariedade ao pesquisador do Datafolha.

“Manifesto minha solidariedade ao pesquisador do Datafolha que foi agredido, de forma covarde, enquanto realizava o seu trabalho”, disse em publicação nas redes sociais.

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo