Alagoinhas: uma terra cheia de “cientistas políticos” – Maurílio Fontes

Alagoinhas está cheia de “cientistas políticos” que avaliam a política de forma comezinha pelas ondas do rádio e são tidos como grandes entendedores desta seara, complexa por excelência. Misturam com displicência irracional alhos com bugalhos. Alguns não sabem a diferença entre Estado e Governo.

Deveriam ler Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como Montesquieu, um dos maiores pensadores da história da humanidade. Não seria dispensável folhear, pelo menos, um livro seminal de Alexis de Tocqueville – A democracia na América – lançado em 1835.

Analistas de ocasião, fazem suas avaliações a partir do fígado e não da racionalidade requerida com vistas a esclarecer a opinião pública alagoinhense, tão carente de boas análises, que permitam a livre – e a mais possível, neutra – manifestação das ideias e não misturem posições partidárias, ideológicas e pessoais com o embate político.

A política foi banalizada, mas não se deve simplificar em demasia sua compreensão analítica. É o que acontece em Alagoinhas, que cada dia tem discussões rasas, focadas no interesse imediato de certas “personalidades”, mais parecidas com subcelebridades de programas de terceira categoria da televisão brasileira.

Discussões circulares que não indicam direções alternativas, etnocêntricas e confusas não levarão a cidade a novos caminhos. Ficarão apenas no blá blá radiofônico, mais fácil para quem tem alergia aos livros de ciência política.

Sem um debate qualificado, que acrescente novos componentes analíticos, Alagoinhas perde tempo e não avança rumo à instauração de condições concretas para melhorar o ambiente político e, portanto, a qualidade de nossos políticos.

Com analistas de meia tigela, travestidos de grandes pensadores e reconhecidos enquanto tal pela média da sociedade, manteremos distância abissal da construção de um tempo mais palatável a todos os cidadãos de Alagoinhas.

Nos defrontamos a cada dia com o mais do mesmo, como se o cardápio oferecido fosse algo incomum, oriundo de “pensadores” pretensamente iluminados por luzes especiais. Todos sabem de tudo. Mas na verdade, poucos sabem alguma coisa. E por isso mesmo a contribuição é pífia.

Uma frase lapidar da cientista política Helcimara Teles revela um pouco do nosso dilema: “Os problemas não são as mensagens, mas sim os mensageiros.”

Temos mensageiros para todos os gostos e paladares, numa babel analítica de difícil compreensão. Os políticos alagoinhense, de fato, precisam melhorar a performance. Mas esta é, também, uma exigência que se impõe aos “cientistas políticos” desta terra, historicamente vinculada às lutas políticas de vanguarda do Brasil e da Bahia.

 

 

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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