Vitória de Eduardo Cunha é derrota do governo e custará alguns bilhões – Maurílio Fontes

A propalada independência entre os poderes Executivo e Legislativo é uma miragem, mais discurso do que prática e completa irrealidade. Não de agora, mas no decorrer de nossa história política, de forma quase que automática, é verdade, com a hipertrofia do Executivo. Em algumas oportunidades, porém, o Legislativo não se prostrou para prestar vassalagem ao manda-chuva do momento.

O rolo compressor do governo, mobilizando ministros de importantes pastas, não funcionou na votação para a presidência da Câmara dos Deputados e a articulação política da presidente Dilma Rousseff malogrou fragorosamente em seus objetivos.

Tentará, a partir da derrota, reaproximar-se do presidente da Câmara dos Deputados eleito com 267 votos e larga margem frente ao segundo colocado, este sim, o candidato governista.

O PT não tem assento na mesa diretora da Câmara dos Deputados. Perde a condição de implementar uma série de ações estratégicas. Ficará a reboque da vontade do deputado Eduardo Cunha e de seu grupo, cevado com o que há de melhor, a exemplo de intermediação de financiamentos de diversas campanhas Brasil afora. 

O mantra de que os poderes são harmônicos entre si foi para o espaço. O humor de Eduardo Cunha balizará parte importante da vida nacional nos próximos dois anos.  

Começará com a votação – e possível aprovação – do orçamento impositivo, que obrigará a União pagar in totum as emendas parlamentares, atingindo os cofres governamentais em tempo de escassez de recursos públicos. 

O governo foi derrotado politicamente. Agora, deve preparar o caixa porque a derrota para Eduardo Cunha custará alguns bilhões de reais. Cabe ao governo pagar sua fatura.

Porque nós já estamos pagando faturas a respeito das quais não temos nenhuma responsabilidade. 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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