Setor mostra apetite e leilão de petróleo bate recorde ao arrecadar R$ 2,823 bi
Após cinco anos sem leilões no Brasil, a indústria do petróleo mostrou que estava com apetite por novas áreas para exploração e garantiu um ágio de 797% na 11ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Ao todo, foram arrecadados R$ 2,823 bilhões por 142 dos 289 blocos ofertados (a maior rodada até então havia sido a nona, em 2007, quando a arrecadação atingiu R$ 2,1 bilhões).
O investimento total previsto para os blocos atingiu cerca de R$ 7 bilhões.
A 11ª rodada se encerrou na noite desta terça-feira (14) com a venda de blocos na bacia terrestre do Recôncavo, localizada na região nordeste da Bahia, a última de 11 bacias ofertadas. Foram arrecadados R$ 55 milhões com 15 blocos arrematados (dos 16 ofertados).
Considerando-se todas as bacias licitadas, as brasileiras de menor porte – como OGX e Petra- mostraram agressividade nos lances, mas a Petrobras teve uma participação tímida, sendo minoritária na maioria das ofertas –e quase sempre com parceiros.
A estatal investiu suas fichas nos blocos em mar no Espírito Santo e na Foz do Amazonas, além de alguns blocos em terra (onde surpreendeu como operadora).
“É curioso que em mar ela ficou operadora só em 2 blocos, e me espantou que em terra ela foi operadora”, avaliou Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
Por outro lado, o leilão trouxe a americana Exxon de volta ao país, em lances sozinha ou em parceria, e consolidou a presença das britânicas BG e da BP, duas gigantes do setor.
Envolvida em um acidente em 2011 e até hoje negociando a sua volta à operação no campo de Frade, a Chevron também surpreendeu ao comprar um bloco na bacia do Ceará em parceria com a colombiana Ecopetrol.
FOZ DO AMAZONAS
Apesar do sucesso de arrecadação, apenas metade dos blocos tiveram demanda –o que foi considerado normal pela diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.
“Os números mostram um sucesso assombroso, grandioso”, afirmou Magda, que ressaltou o grande interesse em blocos terrestres.
Ela comemorou o lance de R$ 345,9 milhões feito pelo consórcio liderado pela Total (40%), junto com a Petrobras (30%) e BP (30%), por um bloco na bacia da Foz do Amazonas –que ao todo arrecadou R$ 802 milhões e foi a mais atrativa das bacias.
O lance superou o recorde anterior, da 9ª rodada, em 2007, feito pelo empresário Eike Batista, em um bloco na bacia de Santos que até hoje não entrou em produção.
O interesse na Foz do Amazonas cresceu nos últimos anos após descobertas feitas na Guiana Francesa, país próximo aos blocos colocados à venda pela ANP.
Fonte: Folha de São Paulo