"Ser aliado não significa concordar com tudo", diz novo líder do PMDB

Com a tarefa de preencher os sapatos do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o novo líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani, indica que pretende seguir os passos do colega na relação com o Planalto. Picciani diz que o fato de o partido ser aliado preferencial da presidente Dilma Rousseff não significa ser submisso ao governo. E investe no discurso de que a prioridade deve ser a “responsabilidade” que a legenda tem com o país.

“Ser aliado não significa concordar com tudo. Temos nossas opiniões e nossas convicções. Podemos e devemos trabalhar pelo convencimento, assim como podemos ser convencidos de opiniões contrárias”, diz Picciani. Com um olho na eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2016, Picciani também faz coro ao discurso da candidatura própria do PMDB à Presidência em 2018. Confira a entrevista ao Poder Online:

Qual é a expectativa do senhor para esta legislatura, considerando que teremos Eduardo Cunha como presidente da Câmara?
Eu creio que este ano será produtivo para o Congresso. Este Congresso que tomou posse chegou com um recado das ruas, pedindo uma mudança. E o nosso presidente foi eleito com uma postura mais independente em relação aos outros Poderes. Isso tudo vai contribuir para termos um bom ano para a Câmara. Já temos os primeiros indícios disso, a entrada na pauta da reforma política, a instalação da CPI da Petrobras e discussões como a revisão do pacto federativo.

O senhor assume a liderança da bancada com a tarefa de preencher a vaga do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha. Dá medo cumprir essa expectativa?
Não, certamente não. Cada um tem um estilo próprio, ele teve o dele e eu terei o meu. Mas, de qualquer forma, o sentimento é claro de que a bancada trabalhará guiada por uma forte unidade.

Unidade para dar dor de cabeça ao Planalto?  
Não vejo desta forma. O PMDB vai se colocar como deve. Vai defender suas posições, suas convicções. O PMDB tem uma responsabilidade com o país, com a sociedade brasileira. Nós respeitamos o resultado das urnas. Ninguém aqui vai pactuar com essa ideia de contestar o resultado das urnas, por exemplo. Ou seja, não é dar dor de cabeça. Ser aliado é contribuir, trabalhar em conjunto.

Contribuir sem ser submisso, é isso? 
Exatamente. Ser aliado não significa concordar com tudo. Temos nossas opiniões e nossas convicções. Podemos e devemos trabalhar pelo convencimento, assim como podemos ser convencidos de opiniões contrárias.

O senhor disputou com o seu colega Lúcio Vieira Lima. Ficou alguma fissura nessa relação? 
Nós conversamos muito sobre isso. E concordamos, lá atrás, que independentemente do resultado, os dois trabalhariam pela unidade da bancada. Eu faria isso se não fosse indicado e estou certo de que é isso o que ele fará. Para nós, a disputa terminou no momento em que terminou a apuração.

O senhor é pré-candidato à Prefeitura do Rio. A liderança ajuda na articulação?
Acho que a posição de líder não influencia em nada. Mas eu tenho sim o desejo de disputar a eleição na minha cidade. De qualquer forma, isso só será discutido na hora certa. Quando chegar o momento oportuno, o PMDB debaterá e escolherá o melhor nome. Este momento ainda não chegou.

Eduardo Cunha também tem pretensões eleitorais, segundo alguns aliados dele. E se ele decidisse disputar a prefeitura? 
Eu nunca ouvi isso dele. Mas se esta pretensão existisse, ele seria um nome legítimo, como qualquer outro. Se quiser, naturalmente, será levado em conta. Quando chegar o momento certo de fazer esse debate.

O vice-presidente Michel Temer já disse abertamente, inclusive em entrevista ao iG, que o projeto é candidato próprio do PMDB à Presidência em 2018, mesmo que isso signifique ir contra o PT. O senhor concorda? 
Todo partido deve almejar a Presidência da República. Acho que esta é uma ideia que de fato está amadurecendo na nossa militância, é um desejo crescente. Acho que um partido do tamanho do PMDB não deve abrir mão de um projeto para o país. E isso não significa ser contra ninguém.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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