Rui Falcão diz que prioridade é reeleger Dilma

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, definiu prioridades do partido para as eleições de outubro: a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a reeleição dos governadores petistas e a ampliação das bancadas da Câmara e do Senado.

Mesmo com a queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto, Rui garante que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não disputará as eleições deste ano, em substituição à sua afilhada, como defende um grupo de políticos de partidos da base aliada do governo.

Apesar de reconhecer que não será uma eleição fácil, Rui, nascido em Pitangui (MG), afirma que o partido pretende corresponder ao sentimento de mudança que tomou conta da sociedade – insatisfeita com suas excelências, os deputados, os senadores, os governadores e a presidente da República.

Desde o ano passado, os brasileiros invadiram as ruas do país em busca de melhoria na qualidade de vida. Em entrevista ao Blog do Noblat, Rui falou que, em eventual segundo mandato de Dilma, haverá um reforço no investimento em educação, saúde e segurança.

Rui é formado em direito pela Universidade de São Paulo e atuou como jornalista. Hoje, exerce mandato de deputado estadual, em São Paulo. Ele foi um dos fundadores do PT.

O que a presidente Dilma fará de diferente, em um segundo governo, para atender ao pedido de mudança da população?

Ela vai promover novo ciclo de desenvolvimento do país, baseado no aumento da produtividade da economia e assentado na inovação e no investimento com apoio do estado, sem suprimir direitos, sem arrochar salários e sem promover desemprego. Continuaremos com investimento para reduzir as desigualdades sociais. Vamos melhorar a qualidade de vida das grandes cidades, tratando da mobilidade urbana.

Qual a proposta para melhorar a saúde, a educação e a segurança?

A educação é uma questão central para continuar abrindo novas oportunidades para o país e para ter estímulo ao aumento da produtividade do trabalho no país. Para facilitar a transparência, a inovação, a comunicação da sociedade, (queremos) um programa de banda larga para todos a preços acessíveis e de fácil acesso. A segurança e a saúde têm que passar por um pacto federativo. Temos que debater com as partes a distribuição de competências.

O que falta fazer para alavancar a economia como no governo Lula?

São dois momentos diferentes. Um momento em que a crise econômica atingiu o país numa fase de recuperação muito boa, saindo de uma fase de herança maldita, em que tínhamos acumulado reservas e o mercado mundial de commodities estava favorável. Havia espaço para criação de emprego e distribuição de renda. Veio o repique da crise, no início do governo Dilma. As circunstâncias internacionais eram outra.

O Lula disse que a crise era uma marolinha. Significa que a crise não foi tão pequena?

O presidente Lula quis motivar a população brasileira. Quando você acena com uma crise gigantesca e atemoriza o povo, você cria expectativas negativas. A expectativa influencia na inflação, na decisão de investimento, na decisão do consumo da poupança. Quando ele disse ‘é uma marolinha, vamos consumir’, ele ampliou o mercado interno, criou demanda para as empresas continuarem a produzir e sustentou o nível de emprego.

A presidente Dilma tem visto a diferença para outros candidatos diminuir a cada pesquisa. Não começa a ficar ameaçada a reeleição de Dilma?

Estamos com um amplo leque de aliança que vai nos dar um tempo bastante proveitoso para mostrar o que fizemos, estamos fazendo e o que faremos. Temos ainda tempo para impedir que os nossos adversários escondam o que fizeram e escondam o que deixaram de fazer. É uma eleição difícil. Há um sentimento de mudança na sociedade, que queremos corresponder.

Se o PT perceber que há risco claro de derrota, há chance de o Lula disputar a eleição no lugar de Dilma?

Essa hipótese não existe por três razões. A primeira hipótese para que isso pudesse ocorrer é se ela estivesse doente, o que não está. Em segundo lugar, se decide não concorrer, o que não é o caso. Terceiro, se houvesse esse clima de catástrofe geral, talvez o próprio Lula não quisesse enfrentar.

O que o senhor acha dos adversários da Dilma, especialmente do senador Aécio Neves e do ex-governador Eduardo Campos?

O candidato do PSDB tem um programa coerente com a trajetória do partido, que é um partido com tradição neoliberal. Ele (Aécio), para unificar o partido, retirou do ostracismo a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardozo, o que carrega para a campanha dele grande rejeição. Isso será mostrado. Sobre o ex-governador Eduardo Campos, ele não tem encontrado espaço para viabilizar proposta de terceira via. Há contradições na armação da sua aliança com a ex-senadora Marina Silva, que aparecem evidentes na aliança dos estados.

Como vocês encararam a divisão do PMDB sobre o apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma?

Temos garantida a aliança com o PMDB. O apoio significativo do vice-presidente Michel Temer e toda a atuação do PMDB, que é um partido de capilaridade nacional, no qual estamos apoiando em vários estados, às vezes sem contrapartida, como é o caso de Alagoas.

O PT pretende fazer as maiores bancadas de deputados federais e senadores?

Nossa prioridade é reeleger a Dilma. A segunda prioridade é reeleger os nossos governadores e fazer a sucessão daqueles que estão saindo. Em terceiro lugar, aumentar o número de governadores e senadores. Por último, mas não menos importante, ampliar a bancada federal na Câmara e nas Assembleias estaduais.

No governo do PT, diversas denúncias de corrupção vieram à tona. O que houve com o PT quando chegou ao governo, após passar anos pregando o discurso da ética e da moral?

Antigamente, não havia transparência e a corrupção não aparecia. A partir do governo Lula, com o reaparelhamento da Polícia Federal, com a profissionalização da Receita Federal, com a liberdade de atuação do Ministério Público, o que havia de irregularidade na administração pública começou a aparecer. Essas ocorrências têm sido denunciadas, apuradas e combatidas.

E o caso do mensalão?

Cometemos um erro de ter enveredado por práticas correntes em outros partidos, que foi a prática do Caixa 2. Fora daí, houve um processo de criminalização indevido de alguns companheiros, sendo que parte tem sido corrigida, como é o caso da retirada do crime de formação de quadrilha. Essa é uma narrativa que pretendemos fazer depois das eleições.

O PT fala como se Caixa 2 fosse algo comum…

Todos faziam e erramos ao fazer. Por isso, somos favoráveis ao fim do financiamento privado de campanha eleitoral.

O PT tem ajudado os companheiros condenados no mensalão de alguma forma?

Nossos filiados e outras pessoas anônimas têm prestado solidariedade, como foi o caso do pagamento das multas. Mas, por lei, não podemos dispor de recursos para pagar multa, para manter os companheiros que foram condenados.

Fonte: Blog do Noblat

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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