Rui Costa vai em busca de “negócios da china”
Com o objetivo de acertar os ponteiros com quem “decide”, o governador Rui Costa partiu na sexta, 4, em missão comercial na China (com retorno previsto para o dia 14 de março) para dar seguimento a tratativas que já manteve na Bahia com representantes comerciais chineses interessados, segundo o governo estadual, em investir no estado.
A crise econômica afetou a economia chinesa, mas num impacto menor que em outros países, como revelou o resultado do Produto Interno Bruto da China em 2015, crescimento de 6,9% nada menos que o pior resultado dos últimos 25 anos. Em 2014 esse índice ficou em 7,3%.
Em comparação com o Brasil, a diferença é enorme. O PIB brasileiro de 2015, divulgado na sexta, apresentou um recuo de 3,8%. A missão baiana ocorre também num cenário ruim das vendas externas do estado: US$ 457,9 milhões em janeiro, ou seja, 16,2% menor que o mesmo período de 2015.
É o pior janeiro das exportações baianas desde 2009, conforme boletim da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Ou seja, o momento impõe agressividade dos agentes públicos e empresariado do estado para atrair mais investimentos.
Projetos
Rui não tinha, contudo, nenhum número a revelar, antes da viagem, mas vai com alguns projetos a oferecer aos chineses principalmente na modalidade parcerias público-privadas. Esses projetos têm valores conhecidos como lembra o próprio governador.
“Estamos falando do Porto Sul, que demandará investimentos de R$ 2 bilhões; de trechos da Ferrovia de Integração Oeste-leste, algo entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões; o veículo leve sobre trilhos (VLT) que vai ligar a Calçada a Paripe, de R$ 1,5 bilhão; e a Ponte Salvador-Itaparica, orçada em R$ 6 bilhões”, descreveu. O tipo de investimento ou parceria ainda será fechado. Citou que integram a comitiva “empresários, de mineradores instalados na Bahia, para que eles possam ajudar a demonstrar todo o potencial empresarial de nosso estado. E, portanto, quem sabe firmar parcerias de empresas chinesas com empresários baianos e empresários nacionais”.
A concessão do gerenciamento dos aeroportos do nosso estado, incluído o aeroporto de Salvador, é outro negócio a ser colocado na mesa para conversas.
Outras áreas de interesse mútuo são infraestrutura, logística, energias renováveis, abastecimento e tratamento de água. Os atores da missão devem assinar “protocolos de entendimento”, primeiro passo para empresas estrangeiras se instalarem na Bahia. “Vamos conversar com o que eles chamam de alto comando das empresas. Estou otimista”, disse Rui.
Wagner
Em 2013, o então governador Jaques Wagner também foi à China em busca de investimentos para o estado. Curiosamente, antes de viajar, chegou a criticar o comportamento comercial da China, que, na sua visão, teria detonado o polo calçadista baiano. Classificou de “competição desleal” a importação de componentes chineses de calçados a preços muito abaixo de mercado. “Já tínhamos uma lei antidumping contra a China. Mas eles começaram a fazer triangulação, mandando produtos pela Indonésia e Vietnã. Pedimos ao governo federal e eles estão analisando a ampliação das medidas de proteção contra essa triangulação”, disse na época.
Na “missão” de 2013, Wagner se encontrou com diretores da Foton (fábrica de caminhões) e visitou uma empresa chamada Baic (Beijing Automotive Group), montadora de automóveis que também teria demonstrado interesse em investir na Bahia. Outra empresa na agenda de Wagner era Petrochina, uma das grandes petroleiras chinesas. Segundo o então governador ela já tinha um terreno escolhido na Bahia para instalar uma empresa de brocas de perfuração para petróleo.
A fábrica da Foton na região de Camaçari teria investimento inicial de US$ 300 milhões em capital 100% brasileiro com previsão de iniciar a produção em 2013, mas isso não ocorreu até a presente data. Do mesmo modo a Baic não se instalou no estado. O único endereço da Petrochina no Brasil é no Rio de Janeiro.
Fonte: A Tarde
