Operação no Rio é ‘genocídio do povo pobre’, diz Instituto Vladimir Herzog – Mônica Bergamo

O Instituto Vladimir Herzog divulgou nota nesta quinta (30) condenando a operação policial do Rio de Janeiro que deixou, até última atualização, 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense. A entidade classificou o episódio como “mais um capítulo do genocídio do povo pobre, promovido pela violência de Estado”.

A instituição afirmou que a ação, considerada a mais letal da história do país, “não é uma tragédia, mas uma escolha política sustentada por décadas de racismo estrutural e naturalização da morte”. O texto também manifesta solidariedade a familiares das vítimas e moradores das favelas afetadas.

O Instituto diz que esta é a quinta chacina policial no estado em quatro anos e cobrou do Supremo Tribunal Federal o cumprimento integral da ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, que impõe limites às operações policiais no Rio. A ação, que ainda não terminou de ser julgada, passou na terça (29) a ser relatada temporariamente pelo ministro Alexandre de Moraes —a função antes cabia a Luís Roberto Barroso, que se aposentou neste mês.

Segundo o Instituto, é urgente que Moraes garanta “controle, transparência e investigação autônoma” sobre ações do tipo.

A entidade também se posicionou contra a possibilidade de uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), defendida por setores do governo, e alertou que a medida “aprofunda a confusão entre Defesa e Segurança Pública” e “reitera a lógica do inimigo interno que legitima o extermínio de populações negras e periféricas”.

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo