Odebrecht mantinha servidor ativo do ‘departamento de propinas’ na Suíça até abril deste ano

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Um dos técnicos em informática, responsável por gerenciar o sistema usado pela Odebrecht no “departamento de propinas”, Camilo Gornati afirmou nesta quarta-feira, em audiência com o juiz Sergio Moro, que a maior empreiteira brasileira hospedava o centro de processamento de dados (data center) da ferramenta na Suíça por “questões de segurança”. Segundo Gornati, a empresa fazia uso de dois sistemas de comunicação, um foi desativado em meados de 2014, logo após a deflagração da Lava Jato, e outro ficou ativo até abril deste ano. Ambos foram bloqueados pelas autoridades suíças, conforme o técnico.

“O que me foi falado era que o sistema [na Suíça] era mais seguro. [Ficava na Suíça] também por ele ser um dos melhores data center e pelo custo de aquisição dos equipamentos lá ser mais baixo do que no Brasil”, contou o técnico. Ele acrescentou que começou a trabalhar com a ferramenta da empreiteira entre 2007 e 2008.

O sistema denominado Drousys era uma rede segura de troca de informações usada pelos funcionários do “Departamento de Operações Estruturadas” da Odebrecht para organizar a obtenção e o repasse de propina. O dinheiro ilícito era levantado com operadores, lavado por doleiros e encaminhado a agentes públicos por meio de offshores. Gornati era funcionário da JR Graco, empresa que, além de prestar assessoria de informática, recebia volumosos valores da Odebrecht. Era ele o responsável por gerar ologin e senha dos usuários e era acionado quando surgiam problemas com a ferramenta. Gornati foi alvo de condução coercitiva e de busca e apreensão na 26ª fase da Operação Lava Jato, a Xepa, em março.

Na audiência, ele revelou a quem se referiam os apelidos que apareciam nos e-mails enviados pelo sistema. “Gigo” era Olivio Rodrigues Junior e o seu irmão, Marcelo Rodrigues, era o “Giginho”. Os dois foram presos na Xepa sob acusação de lavagem de dinheiro e organização criminosa. “Waterloo”, “Tumaine” e “Tulia” eram os ex-funcionários da Odebrecht Fernando Migliaccio, Angela Palmeira Ferreira e Maria Lúcia Tavares. Esta última foi presa na 23ª fase, a Acarajé, e fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato. Com base nos depoimentos prestados por Maria Lúcia, os investigadores descobriram a existência do “departamento de propinas”, para o qual ela trabalhava na sede da empreiteira em Salvador.

“Basicamente, eu fazia a manutenção dos usuários. Se a senha era bloqueada, eu tinha que verificar se o usuário tinha errado a senha ou se havia um ataque ao firewall”, detalhou ele.

Em despacho desta quarta-feira, Moro destacou que, apesar de ter sido alvo de condução coercitiva, Gornati participava da audiência como testemunha na condição de “técnico em informática”. “Não foi ele acusado de qualquer crime, embora, na fase de investigação preliminar, tenham sido tomadas medidas de investigação em relação a ele”, escreveu o juiz que conduz a Lava Jato na primeira instância, em Curitiba.

Fonte: VEJA

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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