O equilíbrio financeiro da Prefeitura de Alagoinhas é pura fantasia? – Maurílio Fontes
Aparentemente, ao longo dos últimos anos, a Prefeitura de Alagoinhas não teria sido atingida pela crise econômica nacional. A linha discursiva grandiloquente do prefeito Paulo Cezar sempre registrou a competência da administração e sua capacidade de enfrentar e, mais ainda, superar os problemas que atingiram o Brasil.
Os argumentos governamentais contestavam a realidade nacional e tentavam nos fazer acreditar que Alagoinhas havia se transformado em ilha de prosperidade, enquanto a terra brasilis soçobrava pelo tsunami da imperícia oriunda da capital federal.
Mas a realidade é outra, crua, ácida e demonstrativa que discursos fáceis não possuíam, lá atrás, e nem possuem, nos estertores da administração, correspondência com os fatos.
Existem exemplos claros e indubitáveis acerca do desequilíbrio financeiro da Prefeitura de Alagoinhas (e, provavelmente, da desorganização interna): os celulares corporativos foram “cortados” no mês passado por falta de pagamento; a Coelba quase deixou diversas repartições públicas sem energia em razão da inadimplência do governo municipal; a empresa que faz a gestão do aterro sanitário também encontra-se no rol dos credores; a locadora de veículos é outra prestadora de serviço que labuta para receber os valores contratuais; a coletora do lixo urbano, que possui um contrato respeitável, também estaria experimentado meses de inadimplência; os veículos de comunicação de Alagoinhas – sites, jornais e emissoras de rádio – ainda não receberam créditos referentes ao mês de dezembro de 2015; até hoje, 31 de março, também não foram pagas as veiculações publicitárias de fevereiro.
Há um caso emblemático, indicador do “estado de coisas” da gestão: valores devidos ao INSS não foram pagos (final do exercício de 2015) e cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de Alagoinhas seriam retidas para tornar a Prefeitura de Alagoinhas adimplente com o governo federal, cobrador incansável de seus créditos.
Outras dezenas de exemplos poderiam ser registrados para confirmar que a linha discursiva está dissonante da realidade dos fatos.
O fantasma do desequilíbrio financeiro, tantas vezes excomungado, parece que ganhou massa corpórea e se tornou tangível à luz do dia. Com isso, fornecedores da Prefeitura de Alagoinhas e prestadores de serviço não são informados sobre os cronogramas de pagamentos.
Supostamente, o fantasma da inadimplência, que em passado não tão distante, era regra e não exceção (é relevante frisar que entre 1997 e 2000, quando Alagoinhas vivenciou um dos piores governos de sua história, a arrecadação pública era infinitamente menor do que os valores atuais) voltou com força para espantar fornecedores e prestadores de serviço.
A administração municipal tem alguns caminhos: admitir que foi tragada pela crise nacional; adotar discurso realista sobre dificuldades extras para sanear suas finanças; reconhecer que não fez o dever de casa, tem um máquina inchada e pouco eficiente.
Em 31 de dezembro, quando terminar seu segundo mandato, o prefeito Paulo Cezar terá que passar o poder ao futuro gestor sem restos a pagar e nenhuma pendência financeira. Se fizer o contrário, correrá o risco de ficar inelegível.
Mas até lá muitos milagres diários terão que ser realizados. Com uma detalhe: fantasmas não praticam atitudes miraculosas.
Isso é para os anjos.
Mas onde estão os querubins?
Foto: Alagoinhas Hoje