Montadoras renovam otimismo com Dilma e esperam pacote de estímulos

Um dos setores que encontrou abrigo e muitos lucros no Brasil em meio à crise econômica mundial (2008) foi o automotivo. Mas os resultados negativos dos últimos meses, com quedas nas vendas e aumento de insumos, têm azedado o clima de camaradagem e de otimismo entre a indústria e o governo federal.

Em 2013, a produção do setor automotivo cresceu cerca de 10%, embora as vendas tenham recuado 0,9%, segundo dados da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos.

No entanto, após a reeleição de Dilma Rousseff no último domingo (26), as montadoras criam uma aproximação com o governo no Salão do Automóvel de São Paulo, que acontece nesta semana. Nas declarações de executivos de diversas marcas o tom de otimismo sobre a economia e as mudanças na equipe econômica foram apresentados junto com as novidades e modelos.

Para o presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Cledorvino Bellini, o cenário próximo é de recuperação da economia em 2015. Para isso, no entanto, afirma que a equipe econômica do governo terá de fazer ajustes. “É preciso restaurar a credibilidade e transparência dos agentes econômicos”, afirma.

Bellini espera ainda a redução da inflação, dos juros e a retomada do crescimento. “O País tem um enorme potencial. Precisamos aumentar a produtividade da indústria”, diz. O executivo também espera ajustes no câmbio. “O Brasil já exportou 1 milhão de carros por ano. Precisamos retomar esse movimento.”

A FCA anunciou que deve investir R$ 15 bilhões no Brasil até 2016, para fortalecer as marcas Fiat e Jeep no Brasil. Nos próximos dois anos, quatro novos modelos devem ser lançados. “O Brasil é o maior mercado consumidor da FCA, depois dos Estados Unidos.”

Pacote

O presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, espera que a nova equipe econômica do governo da presidente Dilma Rousseff invista em um novo pacote de estímulo ao consumo.

“A redução do IPI é uma boa medida, mas só a sua continuidade não basta”, afirma.

O executivo da montadora alemã acredita que o governo deve incentivar a maior concessão de financiamentos e, para isso, defende a diminuição dos custos para os bancos, pois eles são repassados para o consumidor final.

O investimento da Volkswagen no Brasil, entre 2012 e 2018, será de R$ 10 bilhões.

O setor, segundo Schmall, deve terminar o ano com queda de 8% a 10% nas vendas. Para 2015, a visão mais otimista é de crescimento de 3% a 4%, se o quadro de exportações melhorar. Para isso, ele defende a redução do Custo Brasil.

O estímulo ao consumo é esperado por Issao Mizoguchi, chefe de Operações da Honda no Brasil. “Precisamos de um estímulo sustentável. Uma única medida não dura muito. Em 2015, se ficar igual a este ano, já está bom. Será um ano de ajuste na economia, de dar remédios a ela”. A volta do IPI no próximo ano também pode prejudicar os resultados, afirma o executivo.

Recentemente, quando as gigantes norte-americanas e europeias fechavam unidades mundo afora, no Brasil eram batidos recordes sucessivos de vendas. Muitas montadoras seguravam os prejuízos em suas matrizes com os resultados das filiais brasileiras. Na mesma época, o governo federal, primeiro com o ex-presidente Lula, depois com a presidente Dilma, enchia o setor de estímulos, como redução ou isenção da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e incentivo a linhas de créditos fartas para aquisição, seja em banco públicos ou privados.

Segundo o executivo da Honda, o fim das eleições presidenciais dá um tom otimista ao mercado. “Muita gente estava esperando as eleições para comprar um carro. A expectativa é que as vendas melhores nos próximos meses.”

Mizoguchi diz que a redução da inflação e das taxas de juros são importantes, mas o investimento mais urgente deve ser em infraestrutura. “Precisamos investir em logística que agregue valor ao mercado”, dz o executivo.

Esperança 

Já a Ford, aposta no sucesso de novos modelos para reverter o prejuízo previsto em US$ 1 bilhão na América do Sul em 2014. A montadora não divulga a expectativa de vendas para este e o próximo ano, mas encerra em 2015 um investimento de R$ 4,5 bilhões no Brasil.

“Estamos otimistas com os resultados do próximo ano, apostando no sucesso dos modelos Fiesta, Ecosport e do Novo Ka”, afirma Natan Vieira, vice-presidente de Marketing, Vendas e Serviços para a Ford América do Sul.

Vieira diz estar otimista com o próximo mandato da presidente Dilma Rousseff. “Temos de estar [otimistas], como brasileiros e empresários”, diz.

O executivo da Ford afirma que, apesar do consumidor brasileiro estar bastante endividado, o volume de vendas por financiamento deve continuar crescendo. “Vemos que esse mix de vendas financiadas cresce a cada mês. Nossa expectativa com o novo governo é que o País volte a crescer para que haja mais investimento local”, explica.

Fonte: iG

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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