Mineradora Anglo American procura sócio para projeto comprado de Eike

A mineradora Anglo American busca um comprador para uma fatia de seu megaprojeto de minério de ferro no Brasil, o sistema Minas-Rio.

Adquirido em 2008 de Eike Batista por cerca de US$ 5 bilhões, o empreendimento, localizado em Minas Gerais, é o quarto maior do país, atrás apenas de minas da Vale, da CSN e da Samarco.

Segundo a Folha apurou, a empresa acionou o banco de investimentos Morgan Stanley para buscar um interessado. A ideia é vender pelo menos 30% do projeto, avaliado em US$ 8,8 bilhões.

O negócio está sendo oferecido a empresas chinesas e japonesas especializadas na compra e venda de minério.

A expectativa é que o potencial de produção da mina, de 26,5 milhões de toneladas por ano, desperte interesse.

Em janeiro, a Anglo já havia anunciado a venda de outro projeto comprado de Eike, um mina no Amapá.

Atrair um sócio para o projeto Minas-Rio, contudo, não será tarefa fácil, relatam executivos próximos à empresa.

Uma das grandes apostas da companhia anglo-sul-africana, o Minas-Rio transformou-se numa fonte quase inesgotável de problemas.

O seu orçamento mais que dobrou. Considerando o desembolso feito para a sua aquisição, o empreendimento sairá agora por cerca de US$ 14 bilhões, o que, segundo analistas, pode levá-lo ao posto de projeto de minério de ferro mais caro do mundo.

Além disso, mais de 70% da produção futura de minério de ferro já está vendida, o que limitaria a negociação.

A Anglo considerava a busca por um sócio desde o ano passado. Mas, diante da escalada de gastos, vender uma fatia do empreendimento passou a ser fundamental para financiar o projeto, segundo apurou a Folha.

A entrada de um sócio ajudaria também a acalmar os investidores. A pressão sobre a companhia provocou a renúncia de Cynthia Carroll, então presidente da Anglo, no final do ano passado.

A companhia teve prejuízo de US$ 1,5 bilhão em 2012 após ser obrigada a fazer uma baixa contábil de mais de US$ 4 bilhões no Minas-Rio por conta do aumento de custos. No ano anterior, o lucro da Anglo superou US$ 6 bilhões.

PROBLEMAS EM SÉRIE

Entre as dificuldades enfrentadas no projeto Minas-Rio, houve a demora na obtenção de licenças e gastos crescentes com a aquisição de terras para colocar de pé o mineroduto que escoará o produto ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro, no qual a Anglo tem sociedade com Eike.

Até um sítio arqueológico foi encontrado na mina, atrasando parte das obras.

Os embarques, inicialmente esperados para 2012, só devem começar no final de 2014.

Procurada, a Anglo American afirmou que “está aberta” à procura de um possível parceiro, mas “ainda não tomou nenhuma decisão” sobre o assunto. Segundo a empresa, “isso ocorrerá no momento certo”. O banco Morgan Stanley não comentou.

Fonte: Folha de São Paulo

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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