Meta de superávit primário continua desafiadora, afirma economista

O resultado pior do que o esperado no setor público consolidado em fevereiro pode ser atribuído, em boa parte, às despesas com custeio do governo central, o que poderia indicar que o governo está quitando pagamentos atrasados, as chamadas pedaladas fiscais. A avaliação é do economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Ele também chama atenção para a diferença entre os resultados do governo central divulgados pelo Tesouro e pelo BC.

Até recentemente, os números informados pelo BC eram piores do que os calculados pelo Tesouro, já que a autoridade monetária consegue capturar atrasos no pagamento de subsídios. Agora essa discrepância estatística se inverteu, o que, para Kawall, pode sinalizar uma “descompressão” no pagamento desses subsídios, uma normalização. Com o resultado fiscal de fevereiro, o economista do Safra diz que a meta de superávit de 1,2% do PIB é bastante desafiadora e que pode requerer da equipe econômica novas medidas para equilibrar as contas públicas e chegar nesse objetivo.

Segundo Kawall, a recente revisão na metodologia do IBGE, que mostrou que o PIB brasileiro é um pouco maior do que se esperava, não deve gerar uma mudança na meta de superávit, porque o que está na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é o objetivo nominal, de R$ 66,3 bilhões, e não o patamar como um porcentual do PIB. Kawall afirmou que a queda real de 4,1% das receitas no primeiro bimestre se deve, em boa parte, à arrecadação menor em função da atividade econômica fraca.

A deterioração no mercado de trabalho, que afeta as receitas previdenciárias, também prejudicou o resultado do setor público consolidado. Para o economista, os números dos dois primeiros meses do ano não devem ser tomados como um referencial sobre como será o resto de 2015, até porque muitas medidas que devem melhorar a arrecadação ainda não começaram a gerar resultado. Além disso, espera-se alguma recuperação da economia, mesmo que pequena, no segundo semestre, o que poderia ajudar na arrecadação.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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