Por que a inflação americana pode disparar com Trump

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Cortes de impostos, altas de gastos, restrições à imigração, renegociação de tratados comerciais e imposição de tarifas em produtos chineses.

Essas são algumas das propostas que o presidente eleito Donald Trump defendeu durante a campanha.

O que elas têm em comum? O potencial de causar um aumento da inflação nos Estados Unidos.

Colocar tarifas de até 45% sobre produtos chineses, por exemplo, ou transferir parte da produção industrial para dentro dos Estados Unidos levaria a um aumento de custos com impacto certeiro.

“Vai matar o Walmart, machucar o Starbucks, prejudicar a Apple. Todo mundo hoje tem produção lá, isso para não mencionar riscos como um surto inflacionário nos EUA. O americano é que vai pagar a conta”, disse Marcos Troyjo, economista que dirige o BRICLab da Universidade Columbia em Nova York, em entrevista para EXAME.com.

Fazer deportação em massa e impedir a entrada de imigrantes em um momento de desemprego baixo significa diminuir o tamanho da força de trabalho, causando impacto nos salários e na inflação.

O mesmo pode ser dito da ideia de Trump de gastar mais para reformar a infraestrutura americana, o que também estava nos planos de Hillary Clinton e até por isso tem mais probabilidade de sair do papel.

O problema é que Trump soma a isso um plano de corte de impostos que levaria a um aumento forte do déficit.

A dúvida é até que ponto o presidente Trump vai seguir o que foi dito pelo candidato Trump.

Além dos alertas de economistas, ele terá que lidar com resistências dentro de um Partido Republicano que tradicionalmente defendeu o livre comércio.

Outra dúvida é sobre o Federal Reserve, banco central americano, criticado por Trump na campanha.

O mandato de Janet Yellen vai até fevereiro de 2018 e uma nova alta de juros em dezembro era vista pelo mercado como certa, mas agora as apostas variam.

Um pouco mais de inflação nem seria tão ruim, já que a taxa segue abaixo da meta. O problema é se ela fugir de controle sem trazer mais crescimento, colocando o Fed em uma saia justa.

“Nós acreditamos que as políticas do presidente eleito provavelmente serão inflacionárias, e que então o Fed gostaria de defender sua meta de inflação de 2%. Esse é um dilema com o qual o Bank of England se familiarizou pós-Brexit. Dada a escolha entre priorizar crescimento ou inflação, o Fed provavelmente defenderá o crescimento”, diz um relatório da gestora de investimentos Manulife Asset Management.

Fonte: Exame

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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