Mercado da música busca alternativas para gerar novas formas de ganhar dinheiro

Pearl Jam, Kanye West, a gravadora Third Man Records (do músico Jack White) e Nine Inch Nails são alguns dos atuais clientes da Modlife, empresa fundada em 2008 pelo músico Tom DeLonge, do grupo Blink-182, que oferece novas estratégias para ganhar dinheiro com música.

Funcionando como uma plataforma customizável de acordo com as propostas das bandas, o software da Modlife dá suporte, por exemplo, à venda de produtos com foco nos fãs mais dedicados, que investem em serviços diferenciados ou itens colecioáveis.

“Estamos gerando renda para as bandas ao fornecer ferramentas para monetizar todos estes elementos diferentes de seus negócios”, disse DeLonge em entrevista ao site FastCompany. 

A venda dos produtos é feita diretamente do artista ao fã, o que traz mais independência financeira até mesmo a artistas de grandes selos. Entre os itens especiais estão kits exclusivos (na compra de um disco leva-se um poster autografado) e ingressos com acesso à passagem de som, por exemplo.

No caso do Pearl Jam, a Modlife ajudou a implantar um sistema de loteria de ingressos para os membros do fã clube da banda. Além de dificultar o acesso dos cambistas, o sistema impediu que o site do grupo caísse por volume de acessos.

Não basta lançar o disco

Além de pensar em combos de produtos multimídia para os fãs, os artistas devem “criar um portfólio digital e ocupar todos os espaços para aproveitar ao máximo as oportunidades de negócio que já existem no mercado”, aconselha Márcio Cruz, gerente de marketing da ONErpm, ao iG.

No caso da ONErpm, que é uma distribuidora de música digital em atividade também no Brasil, o artista usa a plataforma para levar seus discos aos serviços de streaming mais populares, como YouTube, iTunes, Spotify, Deezer e Rdio, gratuitamente, mediante um acordo de porcentagem na divisão dos lucros. 

“Aproveitar ao máximo o que cada uma das plataformas já oferece é crucial para que a banda conquiste mais fãs e melhore sua monetização, tanto digitalmente quanto no desenvolvimento de uma base de fãs que vai garantir público em seus shows, a venda de produtos de merchandising e álbuns físicos”, diz o especialista.

Conteúdo criativo

“Inventar conteúdos diferentes e que tenham a ver com o perfil (do artista). A internet está aí para facilitar o contato direto com o fã e acho que todos devem usar, é só colocar a cabeça para criar”, aconselha Nathalia Birkholz, diretora de comunicação da agência Inker, que traça estratégias para artistas nacionais de grande e pequeno porte.

Apesar de as estratégias de divulgação serem diferentes caso a caso, Nathalia acredita que todos os artistas, independente do tamanho do público que possuem, “devem gerar conteúdo”. “Seja para agradar os fãs ou para atrair novos”, explica.

“Se uma banda pequena coloca um pacote de ‘brindes’ bem criativos no Modlife e começa a divulgar aquilo, gera-se uma notícia. O lance é inventar algo que chame a atenção do público e, quem sabe, da imprensa. Por exemplo, um show exclusivo dentro da sua casa”, sugere.

Cenário independente

Entre os artistas independentes, uma das opções para monetizar são as campanhas de financiamento coletivo. Ao arrecadar fundos com a doação de fãs em potencial, os artistas conseguem bancar os custos de uma gravação e oferecer recompensas aos colaboradores do projeto.

No começo do ano, o Raimundos gravou o disco “Cantigas de Roda” a partir das doações dos fãs em uma campanha no site de financiamento coletivo Catarse. Muitos outros artistas independentes têm buscado essa alternativa para monetizar.

“São oferecidas exclusividades (aos fãs colaboradores) como shows privados, venda antecipada de ingressos para shows importantes, envio por e-mail de gravações e materiais não divulgados para imprensa, camisetas e pôsteres com artes feitas pelos fãs”, destaca Fernando Dotta, sócio do selo independente Balaclava Records e integrante da banda paulistana Single Parents, que já gravou músicas usando financiamento coletivo.

“A grande jogada de marketing neste modelo é fazer com que os fãs adquiram um serviço ou produto do seu artista sem perceber o quanto estão pagando por isso”, completa. 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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