Marketing e comunicação: desafios para os prefeitos eleitos e reeleitos – Maurílio Fontes
Nas eleições de 7 de Outubro, 1.508 prefeitos/prefeitas alcançaram a reeleição, espécie de prêmio que os eleitores proporcionaram àqueles que fizeram uma administração bem avaliada e cumpriram parte das promessas da campanha de 2008. Cada vez mais, os eleitores exigem soluções dos administradores públicos. E não se contentam com o mediano e o faz de conta.
No Brasil, existem 5.565 municípios. Subtraindo-se o número total dos reeleitos, encontramos cerca 4.057 gestores que por diversas razões – não tiveram direito à renovação dos mandatos, pois já haviam sido reeleitos em 2008, estavam incluídos na Ficha Limpa, por serem sujos, foram derrotados nas urnas, ou mesmo desistiram (fato raro) de concorrer – ficaram fora do jogo político.
É um percentual alto, que leva os estudiosos da política a perscrutar as razões do insucesso eleitoral e a não recondução ao poder de grande número de gestores municipais. Sem dúvida, a “safra” anterior de prefeitos/prefeitas enfrentou logo no primeiro ano de mandato os efeitos da crise econômica mundial, cujos reflexos foram sentidos no caixa das municipalidades nos anos seguintes.
A partir de 2011, primeiro ano do governo Dilma, as administrações municipais enfrentaram, sem ter muito que fazer, a queda dos repasses federais dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) por conta da política de desoneração de impostos da União, que passou a fazer parte de sua política econômica com a diminuição das alíquotas do IPI visando manter o consumo de veículos automotores e de produtos da linha branca (geladeiras, fogões).
Na Bahia, a grande seca que atingiu – e atinge – quase duas centenas e meia de municípios, agregou mais dificuldades às administrações municipais, notadamente àquelas situadas no perímetro do semi-árido.
Dificuldades, contudo, fazem parte do dia a dia das administrações municipais, porque os recursos públicos, mesmo em fases de grande impulso econômico, são sempre menores do que as necessidades dos cidadãos. Há que se ter, portanto, capacidade inventiva para transformar os obstáculos em soluções que agradem ao maior índice possível de eleitores.
Quem está no poder, com o instituto da reeleição, tem a possibilidade de fazer campanha diariamente, usando para isso, dentro da legalidade, os recursos do erário visando construir canais de comunicação com a sociedade.
O marketing governamental e a comunicação pública ganharam um novo e importante status no interior da estrutura governamental. Da esfera meramente operacional, tão em moda nos anos 80 do século passado, ambos se transformaram em ferramentas estratégicas para a sobrevivência do grupo politico que está no poder.
É preciso que ambos – marketing/comunicação e a agenda administrativa – caminhem juntos para que os resultados planejados sejam alcançados – e mais que isso – possam ser percebidos pelos cidadãos.
Aguçar a percepção do eleitor é tarefa governamental das mais importantes, porque de nada adianta fazer e não comunicar. Marketing e comunicação não se prestam ao jogo de soma zero, muito pelo contrário, pois quando utilizados profissionalmente eles constroem imagens positivas, melhoraram índices de aprovação de gestores públicos e os aproximam da comunidade, gerando elevados níveis de avaliação positiva.
No passado, implantar um sistema de marketing e comunicação nas prefeituras era algo de somenos importância. Hoje, isso se impõe de forma inexorável, porque a complexidade social exige cada vez mais competência e profissionalismo dos gestores municipais.
São grandes os desafios que se apresentam aos prefeitos e prefeitas. Muitos (as) farão mais do mesmo. Outros (as), a partir da utilização correta do marketing e da comunicação, construirão vantagens competitivas para seus municípios e para si mesmos (as).
O tempo passa muito rapidamente e nesta segunda década do século XXI não se admite mais quaisquer resquícios de amadorismo no trato da “coisa pública”. Quem souber utilizar corretamente as oportunidades no decorrer do mandato terá ganhos que certamente ultrapassarão o período do governo.
A história premiará os bons gestores.
*Radialista, Jornalista, Mercadólogo e consultor político. Primeiro profissional da Bahia a ingressar na Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP).