Marina: um erro crucial da campanha de Dilma
1. A entrada de Marina na campanha e sua presença inicial –explosiva- nas primeiras pesquisas levaram a campanha de Dilma (Santana?) a uma decisão açodada. Imaginando que o apoio a Marina no segundo turno pelo PSDB seria automático e não necessariamente o contrário, “Dilma” iniciou um bombardeio –aberto e fechado- a Marina.
2. Deixaram de lado a Teoria da Ballotage –das eleições em dois turnos que este Ex-Blog já apresentou algumas vezes. Esta ensina que nesse caso se deve escolher o adversário a ser atacado e poupar o outro ou outros, de forma a construir apoios naturais no segundo turno. “Dilma” atacou os dois.
3. Atacar ou não atacar Aécio não mudaria a posição do PSDB num eventual segundo turno entre Dilma e Marina. Dessa forma, “Dilma” construiu um cenário para o segundo turno com a aliança entre Marina e Aécio, fosse qual fosse o resultado do primeiro turno. E mais ainda: ajudou muito a tirar Marina do segundo turno. Ou seja: perdeu o apoio ou a neutralidade de Marina no segundo turno.
4. E provavelmente não contava que a dosagem usada estava sendo desproporcional. Dessa forma, a queda de Marina correspondeu um crescimento de Aécio que, em função da dosagem usada por “Dilma”, foi geométrico. Aécio, que no auge do efeito Marina chegou a 15% das intenções de voto, dobrou, chegando a 29% na urna, incluindo brancos e nulos.
5. Dilma, que havia se estabilizado em 40% das intenções de voto, fechou nas urnas com 37%, incluindo brancos e nulos. Ou seja: perdeu também com a tática que usou, talvez passando a imagem de autoritária, ao atacar outra mulher.
6. Resta agora saber se a transferência de intenções de voto de Marina para Aécio foi apenas parcial, ou seja, alcançou principalmente os que oscilavam entre Marina e Aécio e os que haviam migrado de Aécio. Ou o que ficou com Marina ainda alcança principalmente os que estavam indecisos entre Aécio e Marina.
7. As pesquisas que serão divulgadas esta semana farão esses cruzamentos entre Dilma x Aécio e em quem votaram no primeiro turno. Mas há que se ter cuidado, pois em geral essas pesquisas sobre em quem votaram no primeiro turno produzem alguma distorção de arrependimento do eleitor e dificuldades da própria amostragem e, por isso, devem ter outras perguntas para garantir os cruzamentos. Provavelmente Aécio terá mais do que teve e Marina menos do que teve.
8. Ideal seriam os institutos abrirem –mesmo que internamente- a pesquisa de boca de urna por gênero, instrução, renda, faixa etária, religião, região…, de forma a as equipes poderem avaliar os potenciais de migração. Nesse sentido –mesmo que de forma a sinalizar ao eleitor evangélico- que em geral migrou do Pastor Everaldo para Marina, Dilma e Aécio deveriam contatá-lo à luz dos refletores. Um gesto que pode valer milhões de votos na definição dos eleitores que votaram Marina no primeiro turno.
Fonte: Ex-Blog de Cesar Maia