Lula e Pacheco articulam para ganhar terreno político em MG em meio a desgaste de Zema
O Palácio do Planalto e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), articulam estratégias para ganhar terreno político em Minas Gerais, governado por Romeu Zema (Novo), tirando proveito do desgaste do adversário.
A ala política do governo e aliados do senador mineiro enxergaramna crise da dívida mineira com a União a oportunidade de apresentar uma solução para um tema que tem deixado Zema sob pressão.
Além disso, durante conversa recente, Pacheco cobrou do presidente Lula (PT) uma presença maior no estado, que ainda não foi visitado pelo mandatário.
Após alguns meses de afastamento, quando Lula deu prioridade para costurar alianças com o centrão na Câmara, o presidente se encontrou com Pacheco em duas oportunidades em menos de duas semanas.
As conversas aconteceram no momento em que a maré no Senado virava contra o governo, com o sinal de dificuldades mais evidente sendo a rejeição da indicação do Planalto para a Defensoria Pública da União.
Essa derrota ligou o alerta no Planalto, uma vez que ainda precisarão ser sabatinados pelos senadores os futuros indicados para a PGR (Procuradoria-Geral da República) e para a vaga aberta no STF (Supremo Tribunal Federal).
Na primeira conversa que tiveram, em 3 de novembro, Pacheco levou a Lula a insatisfação dos senadores com o protagonismo dado à Câmara e com a falta de uma atenção maior à Casa.
O senador disse que os problemas do governo no Senado não são relacionados a indicações e emendas, como na Câmara. Os senadores buscam participar do processo de indicações do Executivo, considerando que vão sabatinar essas autoridades.
Segundo interlocutores, Pacheco levou ainda a Lula a cobrança de uma participação maior em Minas e a necessidade de os cálculos políticos no estado entrarem no radar de prioridades para os próximos ciclos eleitorais.
A leitura é a de que é necessário um esforço do governo para eleger prefeitos aliados no próximo ano, construindo assim a base para tomar o governo do grupo político de Zema —que não poderá se reeleger.
Lula respondeu a Pacheco que pretende visitar Minas ainda neste ano, para o lançamento de obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e que o estado será contemplado com mais viagens em 2024.
O PT e o governo federal pretendem concluir até abril o planejamento macro para as eleições do ano que vem. Em relação a Minas Gerais, Lula pediu prioridade para 12 municípios.
São cidades de médio porte já administradas pelo PT, como Contagem e Juiz de Fora.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil