Lázaro Brandão será substituído por Trabuco no conselho do Bradesco

O Bradesco anunciou nesta terça-feira (10) que Lázaro de Mello Brandão renunciou ao cargo de presidente de seu conselho de administração e informou que ele será substituído pelo atual diretor-presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco.

Segundo fato relevante, Trabuco acumulará as duas funções até a primeira reunião do conselho, que ocorrerá após assembleia geral ordinária de acionistas, prevista para março de 2018. Na ocasião, será eleito um novo diretor-presidente do segundo maior banco privado do país, porque o regulamento do Bradesco proíbe o acúmulo de cargos.

Brandão, que nasceu em 15 de junho de 1926 em Itápolis (SP), começou a carreira em 1942 na Casa Bancária Almeida & Cia., em Marília (SP), antes mesmo de Amador Aguiar, fundador do Bradesco.

Em 1943, a Casa Bancária Almeida & Cia. se tornou o Banco Brasileiro de Descontos S.A., o Bradesco.

Ele foi presidente da diretoria entre janeiro de 1981 e março de 1999 e assumiu a Presidência do conselho de administração em fevereiro de 1990. Ao todo, Brandão ficou mais de sete décadas no banco.

O executivo era considerado simples e criativo e conhecido por dedicar jornadas de 12 horas diárias iniciadas antes da 7h ao longo de seis décadas, incluindo muitos sábados.

Ele começou a carreira como escriturário e foi subindo de funções, atuando como responsável por contas correntes, gerente, diretor, até chegar a vice-presidente da instituição. Na década de 1980, foi escolhido por Aguiar para sucedê-lo na Presidência Executiva do banco.

Brandão cultivou no dia a dia uma das principais ideias de Aguiar, que era que os executivos do banco fossem simples a ponto de ser confundidos com correntistas.

Apesar de considerado cordato, ele tomou atitudes firmes em sua trajetória para defender o banco. Segundo relatos, impediu Alcides Tapias, então vice-presidente do Bradesco, de chegar à Presidência Executiva em 1996. A versão oficial é que Tapias deixou o banco em busca de novos desafios. Nos bastidores, dizia-se que Brandão não queria ser substituído por ele.

Mas Brandão também nomeou seus dois sucessores no cargo: Márcio Cypriano (de 1999 a 2009) e, mais recentemente, Luiz Carlos Trabuco.

À frente da Presidência Executiva, ele cancelou o limite de 65 anos para ocupar o cargo, em benefício próprio –embora tenha reintroduzido a norma ao deixar o posto.

Apesar de afastado da presidência do banco, Brandão continuou a receber políticos em busca de avaliações sobre o futuro do país e também apoio eleitoral.

Trabuco está à frente do Bradesco desde 2009. Em junho deste ano, a Justiça livrou o presidente do Bradesco de um processo criminal em que ele era acusado junto com outros três executivos de pagar propina a lobistas para solucionar pendências com o fisco, em um dos desdobramentos da Operação Zelotes, da Polícia Federal.

Trabuco tornou-se réu em ação penal na Justiça Federal em Brasília com outras nove pessoas, todos acusados de negociar propina para beneficiar o banco em processos na Receita Federal e no Carf (Conselho administrativo de Recursos Fiscais), que envolviam cerca de R$ 4 bilhões.

Do ponto de vista de negócios, Trabuco comandou a compra do HSBC pelo Bradesco, em 2015. 

 

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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