IMPRENSA, esta liberdade quase sempre cerceada – Hugo Leonardo

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Nesses tempos de “Operação LAVA JATO”, vejo que em resenha do livro Mídia controlada: a história da censura no Brasil e no mundo,  de Sérgio MATTOS (São Paulo: Paulus, 2005), Nara Lya Simões Caetano Cabral ressalta a advertência do autor quanto  à importância de se falar sobre a censura, que desde tempos coloniais cerceia não apenas o Jornalismo, mas toda a produção cultural e intelectual em nosso país”, com o objetivo de que “vasculhando-se a memória da imprensa, venha à tona o princípio fundamental de sua liberdade. Para que não se deixe que a censura caia em esquecimento, já que – citando-se as palavras finais de Mattos na obra – a indiferença “é uma forma de censura tão eficaz quanto o assassinato”, o qual constitui a forma extrema de censura de acordo com Bernard Shaw”. 

Vejo, e embarco. No entanto, dada extensão da história da censura da Igreja (Inquisição) e de Estado, no Brasil e no mundo, me atenho aqui no ASSASSINATO – “forma extrema de censura, a rigor precedido de ameaças que rotineiramente ocorrem aos jornalistas do interior do Brasil, como instrumento de censura aplicada em seus grotões, ainda hoje. 

Penso que para muitos daqueles que, ilegalmente, se beneficiam do Estado e isso vem à baila, é de todo sedutor buscar na  VIOLÊNCIA, uma forma de “censurar” seus denunciantes. Por isso a sociedade precisa se manifestar em apoio franco aos jornalistas que estão sofrendo ameaças de morte, inclusive. Essa é a referencia que tenho da OAB, da CNBB e de outras entidades de representação social. 

Nessa quadra, devo dizer aqui, tenho orgulho da coragem do editor do Alagoinhas Hoje, Maurílio Fontes, ao trazer à tona fatos que ligam pessoas envolvidas pelas operações da Policia Federal. Isso porque, sua voz, absolutamente solitária, é a que “clama no deserto”. 

Não que fique feliz com o infortúnio dos que foram presos, nem dos que estão para ser, pois, não desejo para ninguém a dor das suas famílias. Com estas me solidarizo, outrossim. 

Mas com aqueles que, de malfeitores passam a ameaçadores, não. Pois sei que, de tão grande o desespero, alguns poderiam ser tentados em AMEAÇAR, e até… MATAR, na tentativa vã de evitar ver cada nome seu na lama se arrastando. 

Poderia citar enorme lista de exemplos de jornalistas assassinados no Brasil. Todavia, basta o exemplo de Baumgarten,  que fora “suicidado” ao denunciar a Ditadura Militar (esse horror que insiste, ainda hoje, em nos assombrar). No entanto, poderiam dizer, “mas, são só corruptos, criminosos do colarinho branco”. Se impõe a nós, então, o texto das Sagradas Escrituras – O ladrão veio para roubar, para destruir e para MATAR”. 

Ora, quem a desfere sabe o que atingir com a ameaça – o medo constante de ser alvejado e o drama psicológico de quem tem verdadeira noção do perigo – e sabe que a persistência em sua missão pode significar um passo para a morte.

E isso não é de hoje. Em seu Romanceiro da Inconfidência, inspirado na história dos Inconfidentes de Minas Gerais, dizia Cecília Meireles: “Em baixo e em cima da terra/ o ouro um dia vai secar./ Toda vez que um justo grita,/ um carrasco o vem calar./ Quem sabe não presta, fica vivo, / quem é bom, mandam matar”.

O assunto, embora grave, não reduz a emoção do orgulho que declaro, aqui, de ter um veiculo jornalístico da mais alta seriedade, pois, não se rende e não se vende. Sem embargo de a liberdade de imprensa significar, talvez, a expressão máxima da LIBERDADE. E uma vez ciente de que “uma voz clama no deserto”, recuso-me à indiferença, e REPUDIO as ameaças, de quem quer que as faça, da “forma extrema de censura”, inclusive, com o escopo de calar a noticia que “vive na boca de todos: quem não a proclama aos gritos, murmura-a em tímido sopro”.

Necessário, porém, é prosseguir, louvando-se na definição da festejada Cecília: Liberdade essa palavra – que o sonho humano alimenta / que não há ninguém que explique / e ninguém que não entenda.

*Hugo Leonardo é advogado e articulista do Alagoinhas Hoje

 

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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