Governador de PE presta contas de sete anos de governo
A cerca de 60 dias de deixar o governo de Pernambuco para disputar a Presidência da República, o governador Eduardo Campos (PSB) foi à Assembleia Legislativa para prestar contas de seus sete anos de administração nesta segunda-feira (3).
Ao longo de 1 hora e 11 minutos de discurso durante a reabertura dos trabalhos legislativos no Estado, Campos apresentou números de cada secretaria de seu governo.
Esta é a terceira vez que o governador vai pessoalmente à Casa para dar início à atividade legislativa. As outras duas foram em 2007, quando assumiu o primeiro mandato, e em 2011, ao assumir o segundo. Nos demais anos, enviou um emissário.
Campos disse que Pernambuco “venceu” 2013, ano em que o Estado investiu R$ 3,8 bilhões e registrou superávit de R$ 951,9 milhões, segundo o governador.
Na semana passada, o Banco Central divulgou que em Pernambuco as despesas com pessoal, custeio e investimentos superaram as receitas em R$ 1,5 bilhão no período de 12 meses encerrado em setembro. Este é o maior deficit registrado no período entre os governos estaduais.
Questionado sobre o assunto, o governador reafirmou ter havido superávit e disse que o BC, nesta primeira vez que divulgou detalhadamente os dados dos Estados, não levou em conta a “poupança” do governo.
“O Estado passou com uma poupança de R$ 1,4 bilhão de 2012 para 2013 e foi o Estado que mais investiu em toda a região Norte e Nordeste. Pegamos esses recursos e mais financiamentos públicos, que levaram o Estado a botar R$ 3,8 bilhões de investimento”, afirmou.
“Esses recursos da poupança de um ano para o outro e do que vem de financiamento, de empréstimos, não são contabilizados na hora de ver o superávit calculado pelo Banco Central”, disse.
Em seu discurso, Campos disse que o Estado “melhorou” e fez críticas a políticas econômicas do governo Dilma Rousseff, sua adversária nas eleições de outubro.
“A crise que impactou as principais economias globais desde 2008 e que veio afetar significativamente a economia brasileira a partir de 2011 recrudesceu em nosso país no ano de 2013, muito em função da manutenção de um modelo econômico calcado em desonerações tributárias para estímulo ao consumo, política que, além de não ter sido capaz de gerar riquezas para o país e de afastar a ameaça da volta da inflação, ainda penalizou fortemente as receitas do nosso Estado e dos nossos municípios”, afirmou.
O governador também fez menção à “mais significativa onda de protestos da história recente do país” e disse que as manifestações resgatam “em todos nós a esperança de um país mais justo e solidário e de uma gestão pública operosa, eficiente, pautada por valores democráticos e republicanos”.
OPOSIÇÃO REFORÇADA
Eduardo Campos terminará seu governo com 13 dos 49 deputados na oposição. No ano passado eram oito.
O PSDB aderiu ao governo e saiu da oposição. Mas dos seis deputados tucanos, três –Daniel Coelho, Terezinha Nunes e Betinho Gomes– devem se manter oposicionistas.
A novidade no bloco de oposição é o ingresso do PT e do PTB, que romperam com Campos no ano passado. Cada partido tem quatro deputados, que se juntam a outros dois do DEM e PMN.
“Vamos conversar sempre. Acho que o diálogo é fundamental. O diálogo entre os que comungam do mesmo pensamento e também é importante o diálogo entre aqueles quem não pensam da mesma forma”, disse o governador ao deixar a Assembleia.
Fonte: Folha de São Paulo