Farmácias não têm previsão para a chegada de hidroxicloroquina

A Hidroxicloroquina, medicamento utilizado no tratamento de doenças autoimune como lúpus e no tratamento da malária, ainda está em falta nas farmácias de Salvador. Após ser liberada para o tratamento de casos críticos de Covid-19 pelo Ministério da Saúde no último dia 27, e passar a integrar o protocolo contra a enfermidade, no estado da Bahia no último dia 8, muitas pessoas foram às farmácias comprar o medicamento de forma indiscriminada, sem atentar aos ricos da substância.

O vice-presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia (Sincofar-BA), Luiz Trindade, informou que nenhuma distribuidora que comercializa o produto na Bahia tem a medicação em estoque, e que não há previsão para chegar. “As vendas estão sendo feitas exclusivamente para os governos Federal e Estaduais. Não há estoque liberado pra as farmácias”, disse. De acordo com Trindade, há uma grande procura de pessoas querendo usar o medicamento sem prescrição.

O diretor do Sindicato dos Farmacêuticos (Sindifarma-BA), Gibran Sousa, conta que após as especulações sobre os benefícios da droga no combate à doença e a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 21 de março, estabelecendo novas regras para a compra do medicamento – que passou a constar na lista de substâncias controladas – a procura pela droga deu um salto. “Aumentou severamente a procura pelo medicamento. No entanto, sobretudo pelo fato do medicamento em questão ter sido enquadrado como um medicamento de controle especial pela Anvisa e, desse modo, a venda do mesmo exigir a retenção da receita, a venda do medicamento diminuiu”, contou.

Sousa ressaltou que o aumento da procura pode ter se dado tanto por parte dos pacientes que já faziam o uso controlado da hidroxicloroquina e ficaram com receio de faltar nas farmácias, como também por parte de uma parcela da população que comprou na expectativa da substância. O diretor salientou que “o uso indiscriminado de medicamentos é extremamente irresponsável e perigoso. Já foram registrados óbitos em vários países do mundo pela automedicação com a hidroxicloroquina”, e chamou atenção para os riscos que podem ir desde tremores, hipoglicemia e erupções na pele, até distúrbios oculares severos, podendo chegar à cegueira.

O médico infectologista Roberto Badaró, que está à frente do Hospital Espanhol – que voltou a funcionar provisoriamente para o tratamento da Covid-9, e que integra o Comitê Científico do Consórcio Nordeste – ressalta que o medicamento tem se mostrado eficaz no tratamento da doença, naqueles pacientes internados e que ainda estão em um primeiro estágio da enfermidade. “Naqueles pacientes que estão com três, quatro dias da doença, sem uso de respirador, o medicamento está mostrando que esses doentes têm uma evolução melhor do que os que não utilizaram a hidroxicloroquina. Todos que estão se saindo bem tomando hidroxicloroquina”, contou.

Para àqueles que não faziam o uso do medicamento por doenças preexistentes, e que não estão contaminados com a Covid-19, mas mesmo assim correram às farmácias para estocar em casa a substância, o infectologista ressalta que o uso do medicamento não impede uma contaminação futura. “A hidroxicloroquina não tem nenhuma relação com a profilaxia. Se a pessoa tomar a hidroxicloroquina não significa que ela não vai ter o vírus, não adianta usar de maneira profilática”, advertiu.

No dia 21 de março, a Anvisa determinou que a venda de cloroquina e hidroxicloroquina só poderia ser feita mediante a apresentação de uma receita especial de duas vias. A nova regra, incluiu os medicamentos na lista de substâncias controladas. Até o próximo sábado (18) as pessoas que já fazem uso do medicamento para doenças outras podem continuar comprando as substâncias com a receita comum, mas, de acordo com o órgão, o farmacêutico está obrigado a registrar na receita a comprovação do atendimento.

No último dia 8, o Estado liberou, mediante prescrição médica, o uso da associação dos medicamentos hidroxicloroquina e azitromicina – um antibiótico – para pacientes internados no Sistema Único de Saúde (SUS) com diagnóstico positivo para coronavírus (Covid-19).

A equipe de reportagem entrou em contato com seis farmácias por telefone, que informaram a falta do medicamento, mas os profissionais não revelaram sobre o aumento da procura. O diretor do Sindifarma, Gibran Sousa, confirmou a falta dos medicamentos nas farmácias e disse que a situação se dá por que os distribuidores estão vendendo a substância prioritariamente o Estado e prefeituras, além dos serviço de saúde, hospitais e clínicas, para evitar o desabastecimento.

De acordo com a nota informativa número 4, divulgada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no último dia 21, para aqueles que já fazem o uso da hidroxicloroquina, mas não estão achando nas farmácias por causa da grande procura, a pasta disponibilizou o e-mail hidroxi@saude.ba.gov.br, para que os pacientes se cadastrem, a fim de adquirir a medicação. Se não enviados por e-mail, os documentos e a solicitação para adquirir o remédio podem ser entregues na Farmácia Integrada de Medicamentos de Atenção (FIMAE), que fica na praça Conselheiro João Alfredo, s/nº – Pau Miúdo.

 

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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