Em meio à crise, empresários cobram medidas para manter lojas abertas

representantes dos lojistas
Escassez de crédito, demissões em massa e o enfraquecimento do setor do varejo levaram as principais entidades representativas do comércio a gritar por ajuda. A Associação Comercial da Bahia (ACB), a Câmera de Dirigentes Lojistas (CDL – Salvador), a Federação dos Dirigentes Lojistas da Bahia (FCDL-BA) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) lançaram ontem o movimento Por um Comércio mais Forte, que no dia 12 de abril  mobilizará  lojas de shoppings e de ruas de Salvador para chamar a atenção para a necessidade de medidas que restabeleçam a viabilidade econômica do setor.

“As empresas não tem mais fôlego para atravessar este momento sem que haja uma resposta imediata dos poderes públicos. Não podemos fechar as portas”, defendeu o presidente da CDL, Frutos Dias Neto, que enumerou as reivindicações do setor: “Estamos pedindo acessibilidade ao crédito, suspensão da cobrança de 10% sobre produtos oriundos de outros estados, parcelamento de débitos por meio do Programa de Recuperação Fiscal (Refis) nos níveis municipal, estadual e federal e parcelamento de impostos”.

Segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista, realizada pela Fecomércio, na Bahia, a queda nas vendas em 2015 foi de  10% em relação a 2014. Na comparação entre os meses de dezembro – o mais forte do comércio por causa do Natal –  dos dois últimos anos, a queda chegou a 20%.

Já dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que, em 2015, em todo o país, 100 mil estabelecimentos fecharam as portas. Na Bahia, foram quase 3 mil pontos, sendo 2 mil deles em Salvador. Com isso, 30 mil postos foram fechados na Bahia, 18 mil em Salvador.

Lojas vazias
Renato Dias, proprietário da RD Confecções, localizada na Baixa de Sapateiros, já apelou para promoções e corte de custos, mas, diante da crise, nada adiantou. No final de 2015 demitiu cinco dos oito empregados que tinha. “O povo quebrou. Quem é que vai conseguir comprar alguma coisa desse jeito?”.

Sem enxergar outra solução, após 42 anos de atividade, ele vai fechar a loja após o São João. O atual fluxo de caixa não segura nem mesmo o volume de recursos necessários para fechar a loja. “Vou usar a minha reserva pessoal para pagar as indenizações recisórias e resolver toda a papelada para dar baixa na empresa”.

Vizinha à loja de Renato, a Top Móveis está cheia. Só que de cartazes de promoções. “Do ano passado para cá, as vendas caíram em torno de 30%. Todo mês a gente fica no ‘quase lá’ na hora de bater a meta”, assegura a vendedora  Luciana de Oliveira.

Ela conta que chegava a vender até R$ 6 mil por  dia, mas que, atualmente, a média não passa de R$ 3 mil. “A loja faz de tudo: abre mão do carreto, parcela em 12 vezes, dá desconto, mas, mesmo assim,  as pessoas estão pensando bastante antes de comprar”.

Ponte

O apelo por ajuda dos governos é, segundo o presidente da ACB, Luiz Fernando Queiroz, para se construir  uma ponte para que o comércio atravesse a crise, garantindo empregos. “A crise atinge a todos. Mas o comércio acaba sendo o mais atingido, porque está na ponta”, explica.

O presidente em exercício da Fecomércio-BA, Kelsor Fernandes, aponta soluções: “Para retomar o crescimento, é necessário que se gere emprego e renda e, automaticamente, o consumo. É ofertar crédito mais barato tanto para o empresário que necessita de fluxo de caixa como para o consumidor. Com a redução da Selic (taxa básica de juros) o comércio vai poder voltar a vender. Precisamos de incentivos”, aponta.

O presidente da FCDL, Antoine Tawil, diz que o movimento do dia 12 (próxima terça) é apartidário. “O comércio não pertence nem ao lado esquerdo nem ao direito da política. O ano de 2016 não está perdido. Nunca se viu tanta vitrine em promoção por tanto tempo. A única bandeira nossa é voltar a crescer”.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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