Eleição para Prefeitura de Alagoinhas em 2016 será pulverizada – Maurílio Fontes
Mesmo com o segundo turno da eleição presidencial em curso, mais uma vez com o velho embate PSDB x PT ou vice-versa, é fácil afirmar que a eleição para a Prefeitura de Alagoinhas em 2016 será pulverizada, possivelmente com pelo menos três ou quatro candidaturas competitivas, ao contrário das refregas anteriores, quando os blocos liderados pelo prefeito Paulo Cezar e pelo deputado estadual reeleito e ex-prefeito Joseildo Ramos se digladiaram em busca de manter ou conquistar a chefia do Executivo.
Os cenários:
O prefeito Paulo Cezar certamente terá candidato, mas dificilmente manterá o apoio dos 17 partidos que caminharam com ele em 2012. Chegar forte, aprovado pela população, no primeiro quadrimestre de 2016 será fundamental para que as defecções sejam as menores possíveis e o prefeito consiga manter as chances de seu candidato ou candidata. Para isso, é fundamental rearrumar o governo, cumprir metas e superar certo paradeiro de obras, muitas delas sem complexidade técnica, mas que enfrentam eternas burocracias em corredores governamentais. Ademais, transferência de votos é um dos grandes enigmas da ciência política de difícil concretização na prática.
Tradicional adversário do prefeito, o Partido dos Trabalhadores também precisa de reciclagem e da construção de discurso voltado para os eleitores de Alagoinhas, deslocando o eixo argumentativo meramente das questões federais e estaduais, que tem sido para muitos petistas baianos a linha mais tranquila a ser trilhada. O PT alagoinhense necessita ampliar sua inserção em zonas periféricas da cidade, que por muitos anos foi um bastião inexpugnável da sigla, mas que hoje, mais recalcitrantes, não aceitam de pronto as propostas do partido. Será preciso apontar um futuro melhor para Alagoinhas, ampliando o esforço governamental para áreas fundamentais ao desenvolvimento da cidade. O mais do mesmo não funcionará.
O deputado estadual Paulo Azi, eleito para a Câmara dos Deputados, tentará emplacar um nome e muito se fala nos bastidores sobre a possível candidatura do secretário municipal da Fazenda, Renato Almeida, que sem traquejo político, terá dificuldades para enfrentar um embate em campanha majoritária. A tendência, em função dos posicionamentos diametralmente opostos adotados por Azi e Paulo Cezar nas eleições para o governo da Bahia e presidência da República, é que os dois grupos políticos estejam em campos distintos. O médico Joaquim Neto, que emergiu das urnas com certa representatividade, poderá ser o candidato do grupo de Paulo Azi, que só terá força se o senador Aécio Neves ganhar a eleição em 26 de Outubro. A vitória de Dilma manterá Azi como deputado oposicionista em dois níveis e sem força para intermediar ações governamentais para Alagoinhas e impulsionar uma candidatura própria. Mas, de qualquer forma, é lícito supor que ACM Neto, pensando em 2018, exigirá de Paulo Azi uma candidatura com DNA demista em Alagoinhas.
Jorge Mendes, Gustavo Carmo e outros menos votados poderão ser bons apoiadores, mas dificilmente apresentarão condições políticas de emplacar a cabeça de chapa. Carmo tem, ainda, um complicador: seu partido, o PMDB, mais atrapalha do que ajuda e sempre está focado nos interesses pessoais dos irmãos Vieira Lima, políticos com visão exclusivista. A derrota acachapante de Geddel é outro complicador para Gustavo, que se empenhou muito para a eleição de seu correligionário, ficou órfão e sem acesso às instâncias governamentais. A salvação será a eleição de Aécio.
O segmento evangélico, cada vez mais influente em termos eleitorais, participará efetivamente do processo eleitoral em Alagoinhas, mas não terá força visando emplacar um nome para a cabeça de uma chapa competitiva. Ficará na periferia da competição, mas com importância numérica, atualmente inquestionável. Mas não se pode pensar e querer transplantar para a campanha majoritária de Alagoinhas os resultados eleitorais para o parlamento baiano e a Câmara dos Deputados.
A esquerda, sem força na Bahia e no Brasil, mas com legitimidade e um discurso etéreo, mais uma vez, cumprirá seu papel, contudo, sem chances reais de convencer o eleitorado alagoinhense sobre a pertinência de suas propostas. Marcará posição. Apenas isso.
Outros atores menores que transitam na política de Alagoinhas desempenharão papéis coadjuvantes, somando votos dos segmentos que representam, quase sempre superestimados para inflar as negociações políticas. No dia 27, quando a eleição presidencial estiver definida, começará a corrida para a Prefeitura de Alagoinhas, fornida de recursos e com orçamento previsto entre 2017/2020 de quase um bilhão e seiscentos milhões de reais.
Montante extraordinário, que deixará postulantes à chefia do Executivo em transe, vendo realidades inexistentes e supondo ser mais fortes do que realmente são. Quem viver, verá.