Alagoinhas não tem prestígio político no Governo do Estado – Maurílio Fontes

FOTO ALAGOINHAS FIRJAN

Em meados de dezembro de 2006, portanto, há nove anos, encontrei o então governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, no Hotel Fiesta, e de maneira até imprudente (pois não era uma entrevista), admito, o questionei com a seguinte indagação: Governador, Alagoinhas não terá nenhum secretário? Ele sorriu e, educadamente, respondeu: “A Bahia é muito grande, não dá para atender todo mundo, mas Alagoinhas terá prestígio em meu governo”.  

Transcorrida quase uma década, Alagoinhas é um município sem prestígio político no governo do tecnocrata Rui Costa. Se lá atrás, em oito anos dos dois governos Wagner, Alagoinhas possuía mero arremedo de reconhecimento de sua importância histórica, econômica e política, na atualidade o governo nem se preocupa em fingir praticar o respeito que a cidade merece dos dirigentes estaduais.

A presença do engenheiro Marcus Cavalcanti no primeiro escalão governamental nada tem a ver com Alagoinhas. Sua vinculação política com o senador Otto Alencar e a carreira de Estado que desempenha há muitos anos são as duas únicas motivações que garantiram a ascensão ao posto máximo da Secretaria Estadual de Infraestrutura.

O rebaixamento funcional do alagoinhense Elionaldo de Faro Teles, petista de quatro costados, é claro sinal do desprestígio de Alagoinhas nas hostes governistas. De presidente da EBDA, empresa extinta na atual gestão estadual, foi rebaixado para superintende da BAHIATER, e depois a simples assessor especial do secretário de Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues, que de “especial” não tem nada.

A nomenclatura rebuscada encobre, na verdade, que o cidadão está encostado, sem prestígio, sem voz e incapaz de direcionar ações governamentais para Alagoinhas. Foi transformado, administrativa e politicamente, em “ASPONE”, com menos notoriedade do que o garçom do gabinete, que serve o gestor da SDR.

Aqui, a análise não está centrada na figura respeitável de Faro Teles, parlamentar por três mandatos em Alagoinhas, presidente da Câmara de Vereadores, secretário de Governo, candidato petista à Prefeitura de Alagoinhas em 2008, mas no desprestígio político do município, que não teve em oito anos de governo Wagner e não possui agora, no período costista, nenhuma inserção importante e de destaque na máquina pública baiana.

No passado, Manoel Pinto de Aguiar, conhecido nome de conjunto habitacional, alagoinhense de nascimento, deputado constituinte na década de 30, exerceu (na então capital da República) nos anos 40 do século passado funções importantes no governo autoritário de Getúlio Vargas. Na década de 50, Pinto de Aguiar, advogado e jornalista, foi diretor da Petrobras.

O prestígio político de Alagoinhas é algo que só pode ser encontrado nos compêndios de história, empoeirados e amarelecidos pelo tempo, dificilmente disponíveis em qualquer biblioteca.

Alguns aliados do PT que ocupam “carguinhos” no governo do estado o fazem em seus nomes pessoais e, mais ainda, na mera busca da sobrevivência, sem condições de interferir nas políticas públicas e carrear ações governamentais para Alagoinhas.

Alagoinhas não teve voz nos governos Wagner e atualmente está a milhões de anos luz do centro decisório do poder.

Aparentemente, os líderes políticos do município se conformam com as migalhas como se elas fossem alimentos baratos jogados aos pombos de qualquer praça pública: algo que mata a fome momentânea da espécie, mas não resolve seus problemas futuros.

Contra este estado de coisas, para que o bom debate prevaleça, vozes dos diversos segmentos sociais de Alagoinhas precisam ser ouvidas.

Insurgir-se contra o desprestígio político de Alagoinhas é passo importante na reconstrução do respeito que a cidade merece.

Que cada um assuma sua responsabilidade histórica.

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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