Dono da Telexfree fugiu para o Brasil
A mulher do criador da Telexfree foi presa na noite da quarta-feira (14) no aeroporto JFK, em Nova York, ao tentar embarcar para o Brasil, para onde o seu marido, Carlos Wanzeler, fugiu há cerca de um mês. Ele é considerado foragido da Justiça americana, onde responde a processo por conspiração para cometer fraude eletrônica.
Katia foi detida na condição de testemunha importante do crime. Ela, entretanto, também recebeu “quantias significativas” de recursos levantados pela Telexfree. O negócio é acusado de ser uma pirâmide financeira bilionária criada por Carlos Wanzeler, brasileiro, e James Matthew Merrill, americano. Merrill está preso.
Katia recebeu US$ 1,5 milhão – cerca de R$ 3,32 milhões – da Telexfree em fevereiro de 2014, quando os proprietários já sabiam que o negócio estava sob investigação. Um cheque de US$ 2 milhões – ou R$ 4,43 milhões – em favor da mulher foi apreendido na sede do grupo em 15 de abril, dia em que a empresa foi denunciada como pirâmide financeira pelas autoridades do Estado de Massachusetts.
Fuga
Nesse mesmo dia, Carlos Wanzeler e a filha, Lyvia Wanzeler, deixaram os Estados Unidos em direção ao Canadá. Os dois cruzaram a fronteira de carro, na cidade de Lacolle, província do Quebéc, às 23h. Katia ficou em Northborough, onde vivia com o marido.
Dois dias depois – 17 de abril – Carlos e Lyvia embarcaram no voo 90 da Air Canada com destino a São Paulo. O empresário, que tem passaporte americano, entrou no Brasil com o documento brasileiro.
Lyvia retornou para os Estados Unidos no dia 26 de abril, e tinha reservado passagem para o Brasil para o dia 4 de junho. Em 1º de maio, entretanto, ela embarcou num voo de Bostom com destino à Itália.
No dia 13 de maio, alguém comprou, no Brasil, uma passagem em dinheiro no nome de Katia.
Até esta quarta-feira (14), autoridades americanas não haviam solicitado auxílio à Polícia Federal brasileira sobre a fuga de Carlos Wanzeler.
A defesa do empresário não comentou imediatamente as informações. A reportagem não conseguiu contato com Katia e Lyvia.
Wanzeler criou a Telexfree em 2002 nos Estados Unidos, mas ela deslanchou após ser trazido para o Brasil, em 2012. Aqui, cerca de 1 milhão de pessoas investiram na empresa, que prometia lucros expressivos em troca de venda de pacotes de telefonia VoIP, realização de publicidade na internet e atração de mais gente para o negócio.
Como o iG revelou, em menos de dois anos, a Telexfree recebeu R$ 988 milhões apenas em suas contas brasileiras. Parte desse dinheiro era transferido para contas de Wanzeler no Brasil e, em seguida, para contas mantidas por ele nos Estados Unidos.
Além do processo americano, o empresário responde, junto com seus sócios James Matthew Merrill e Carlos Roberto Costa, a um processo em que é acusado de ter criado uma pirâmide financeira – crime que pode ser punido com até dois anos de prisão
Nos Estados Unidos, Wanzeler pode pegar 20 anos.
Fonte: iG