Dexametasona reduz mortalidade dos casos graves da covid-19, conclui pesquisa da Oxford

Corticoide amplamente empregado em alergias graves, meningite e artrite reumatoide, a dexametasona foi considerado o primeiro medicamento a reduzir comprovadamente a mortalidade do novo coronavírus nas manifestações mais graves. Realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, o estudo e sua conclusão foi comemorado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

“Dia histórico no tratamento da Covid-19”, afirmou a entidade por meio de comunicado. “Como temos insistido desde o início da pandemia de COVID-19, os estudos clínicos RANDOMIZADOS e COM GRUPO CONTROLE é que devem nortear nossa conduta de ‘como tratar COVID-19′”, diz um trecho do documento, assinado pelo presidente da SBI, Clóvis Arns da Cunha.

Conforme a publicação, o estudo comparou pacientes que receberam a dexametasona por via oral ou endovenosa, uma vez por dia, ao longo de 10 dias, com aqueles do grupo controle. No período de 28 dias, houve redução da mortalidade de 33,3%, nos pacientes em ventilação mecânica, e de 20% nos pacientes fora da ventilação mecânica. Não houve diferença naqueles que possuem sintomas leves.

A conclusão prática divulgada pela SBI foi que todo paciente com covid-19 em ventilação mecânica ou que necessitam de oxigênio fora da UTI devem receber a dexametasona de 6mgvia oral ou endovenosa uma vez ao dia por 10 dias. A entidade disse ainda que a medicação é barata e de acesso universal.

Para a infectologista Clarissa Cerqueira, o resultado obtido se destaca principalmente pela natureza do estudo e se mostra mais assertivo do que os dados colhidos nas pesquisas in vitro. “Só a nível de comparação, o estudo da ivermectina foi feito in vitro, por laboratório, então a gente não sabia se o paciente iria melhorar ou não. Este estudo é clínico, de prática médica, onde realmente foi avaliada a mortalidade de forma prática. Ou seja, ele tem um poder de confiança muito melhor do que aqueles outros da cloroquina e ivermectina”, afirma.

A médica diz ainda que os corticoides já vêm sendo utilizados na inflamação gerada pela covid-19. No entanto, ela faz um alerta: esse tipo de medicação não é recomendado nas fases iniciais da doença, justamente pelo seu efeito imunomodulador, que pode acabar interferindo na própria reação autoimune ao vírus. Ela reforça que a dexametasona não serve para prevenção da doença e pode trazer diversos efeitos colaterais, caso seja administrada incorretamente.

“A covid-19 tem algumas fases. Tem a fase inicial, na qual o vírus se replica, a fase intermediária e tem a fase inflamatória. O medicamento é imunomodulador, e pode até fazer imunossupressão a depender da dose. E no início da doença, a gente está com muito vírus no nosso corpo, não é bom usar corticoide porque muitas vezes podemos prejudicar uma imunidade que está tentando se formar para combater o vírus. Então a gente não indica corticoide neste período. Não tem nenhuma comprovação de benefícios nas fases iniciais da doença, somente”, ressalta.

“É uma medicação que também tem efeitos colaterais, principalmente para diabéticos, porque ele descompensa a glicemia. Então não é para as pessoas simplesmente saírem de casa e fazerem estoque da medicação. A longo prazo pode dar osteoporose, alterações metabólicas. Não é para sair comprando, o uso está reservado para os pacientes mais graves apenas”, conclui.

 

Fonte: A Tarde

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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