Deputados evangélicos evitam dar apoio público a Feliciano
Apesar de o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) ter o apoio de um terço da bancada evangélica para permanecer à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, só 6 dos 44 deputados da bancada dizem publicamente se sentir representados pelo pastor e endossam suas posições polêmicas.
A Folha procurou todos os integrantes da bancada evangélica listada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), órgão de interlocução entre Congresso e entidades sindicais.
Oito não foram localizados pela reportagem.
Os deputados foram solicitados a responder três perguntas: Marco Feliciano deve renunciar à presidência da comissão? O deputado representa a bancada evangélica? Há preconceito contra ele?
Entre os que responderam, 16 disseram não se sentir representados por Feliciano, nem endossar suas posições. A maioria preferiu se omitir: 22 não responderam. Apenas seis disseram que o colega é a voz da bancada.
Ainda assim, parcela significativa dos ouvidos (19) defendeu a permanência de Feliciano no comando da Comissão. Mas a falta de apoio público dos colegas de bancada também foi expressiva: 38% dos entrevistados não quiseram opinar sobre a questão. Apenas um deputado defendeu o afastamento.
O debate sobre o preconceito contra Feliciano também deixou a bancada dividida. Para 18 integrantes, há uma postura preconceituosa contra o deputado, enquanto 14 dizem que não; 22 não se pronunciaram.
Alvo de protestos desde que assumiu o colegiado, há mais de um mês, Feliciano resiste a pressões da cúpula da Câmara para renunciar. Nas últimas semanas, ganhou apoio de alguns partidos.
AGENDA PRÓPRIA
Dentre aqueles que preferiram não se posicionar em qualquer uma das questões levantadas, alguns disseram que a permanência de Feliciano é uma decisão de foro pessoal, que ele tem agenda própria, que seu embate na Câmara é “personalista”.
O deputado João Campos, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, explica em parte a questão: “As concordâncias [com Feliciano] estão em conceitos. As divergências, em algumas expressões que terminaram vindo a público e que de fato não há unanimidade entre nós.”
E continua: “Os evangélicos têm diversas dinâmicas e entendimentos. Nós respeitamos essas diferenças, embora não concordemos com alguns posicionamentos e interpretações”.
O líder do PR, Anthony Garotinho, um dos defensores de Feliciano à frente da Comissão, diz que seria um precedente “perigoso” tirá-lo da presidência. “O regimento é claro em dizer que só em caso de renúncia um presidente deixa uma comissão e ele está irredutível”, afirmou.
Único a responder que o pastor deveria renunciar à presidência da comissão, o deputado Laércio Oliveira (PR-SE) disse que teria sido mais “saudável” pedir a substituição dele. “É uma comissão onde questões diversas dos direitos humanos são tratadas e a nossa opinião é a que menos deve prevalecer. A substituição acho que fortalece inclusive a Casa.”
A despeito das divergências, a frente parlamentar divulgou, no mês passado, nota de apoio a Feliciano. Em audiência com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, representantes da ala pressionaram pela permanência do pastor.
Fonte: Folha de São Paulo