Cunha foi protagonista do impeachment; Temer foi coadjuvante

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A presidenta afastada Dilma Rousseff, voltou a dizer que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha foi o protagonista do processo de impeachment. A afirmação já havia sido feita pela petista. Um pouco antes, ela havia dito que, em caso de retorno à presidência da República, jamais voltaria a governar com a ala do PMDB “do mal”, ao qual pertenceriam Cunha e o senador Romero Jucá (RR).

Segundo a petista, Cunha foi o protagonista e Temer foi coadjuvante no processo que pode culminar com sua saída definitiva da presidência e na sua inelegibilidade por oito anos. Para embasar a sua denúncia, ela citou trecho de uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, preso na Operação Lava Jato, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), em que eles discutem o cenário político e a saída da petista. Na gravação, Jucá diz que Michel é Cunha.

“Quando ao ser gravado, o senador Jucá, disse que Michel é Cunha, ele queria dizer o que?! Que Michel Temer integra o grupo do deputado Eduardo Cunha. Esse foi o processo que talvez comece no final do meu [primeiro] governo, mas se intensifica de forma acelerada no meu segundo mandato”, disse.

Centro progressista

Segundo Dilma, o Brasil sempre teve um centro democrático progressista que possibilitava a governabilidade junto as diferentes forças políticas e que o PMDB representava essa força. “Ele foi fundamental para que nós tivéssemos as conquistas democráticas que tivemos, mas também para que pudéssemos ter governabilidade estável no Brasil. Esse centro democrático que vem do MDB [como se chamava a legenda durante a ditadura civil militar] e que tem como disse há pouco Ulisses Guimarães [integrante do partido e ex-presidente da Câmara dos Deputados, falecido em 1992] como sua maior referência”, disse.

Segundo a petista, a partir do final do seu primeiro governo começou a dar uma guinada para o conservadorismo, com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. “Quando o centro democrático deixa de ser um centro progressista e passa a ser um centro golpista e conspirador, esse é um processo que tem um líder e eu acredito que o senhor Michel Temer seja um coadjuvante e que o líder seja o senhor Eduardo Cunha ou até então era senhor Eduardo Cunha”, disse.

Questionada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), qual teria sido o critério para a escolha do presidente interino, Michel Temer como seu vice, Dilma disse acreditar que o peemedebista pertencesse a ala do partido que ela classificou como “progressista”. “Temer foi escolhido para ser meu vice porque supúnhamos que ele era integrante desse centro democrático transformador, acreditávamos que ele representava o que havia de melhor no PMDB”, disse. “Lamento que através dos meus gestos tenha construído essa hipótese de ter um vice democrático que até então tenha dado governabilidade ao país”.

Durante sua fala, Dilma disse ainda que esse centro democrático sofreu no seu segundo mandato uma alteração profunda e se transformou numa ala conservadora que fazia ferrenha oposição ao seu governo. “Não sei dizer quando isso começou a mudar, mas o certo é que começou a mudar”, disse.

Um pouco antes, ao responder um questionamento do senador Telmário Mota (PDT-RR), a presidenta afastada disse que, caso volte ao governo, jamais governará com o que chamou de PMDB do mal.

Por meio de nota, Eduardo Cunha disse que Dilma estaria mentindo “contumazmente” e desafiou a presidenta afastada “demonstrar qual foi a pauta-bomba votada e qual projeto do governo não foi votado”.

Próximos passos do impeachment

Pós-interrogatório – Após ter sido interrogada por senadores, Dilma aguarda a decisão longe do Plenário

Senadores discursam – Senadores inscritos poderão se manifestar sobre o processo por até 10 minutos cada um

Leitura do processo – Encerrada a discussão entre senadores, Lewandowski lerá um resumo do processo, com as fundamentações da acusação e da defesa

Defesa e acusação – Dois senadores favoráveis ao impeachment de Dilma e dois contrários terão cinco minutos cada um para encaminhamento de votação

Lewandowski pergunta – Após o encaminhamento, Lewandowski perguntará aos senadores o seguinte: “Cometeu a acusada, a senhora presidente da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto a instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhes são imputados e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo de oito anos?”

Votação – A votação será nominal, via painel eletrônico. Depois o resultado será proclamado. A previsão é a de que votação ocorra no final da noite desta terça ou início da madrugada de quarta

Absolvição – Se o placar de 54 votos favoráveis ao impedimento não for atingido, o processo será arquivado e Dilma reassumirá a Presidência

Condenação – Se ao menos 54 senadores votarem a favor do impeachment, Dilma será definitivamente afastada da Presidência e ficará inelegível por oito anos a partir do fim de 2018, quando se encerraria o seu mandato

Se condenada: Temer – O presidente interino Michel Temer (PMDB) assume a presidência da República

Fonte: Agência Brasil

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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