Com forte queda em dezembro, indústria cresce só 1,2% em 2013

A produção da indústria cresceu apenas 1,2% em 2013 diante de um cenário de empresários e consumidores pouco confiantes para investir e consumir, juros mais altos, invasão de produtos importados e crédito em desaceleração.

O resultado, divulgado na manhã desta terça-feira (04) pelo IBGE, é melhor do que o de 2012, quando o setor registrou retração de 2,5%. Ainda assim, economistas não enxergam uma recuperação, ainda mais porque a expansão de 2013 se deu sobre uma base muito fraca.

O desempenho da indústria no ano passado se aproximou das previsões de analistas, que esperavam um crescimento pouco superior a 1%.

Nem o câmbio, mais favorável às exportações brasileiras e mais restritivo, em tese, às importações, ajudou na produção da indústria de setores que poderiam se beneficiar desse fenômeno.

O que surpreendeu mesmo de modo negativo foi a forte queda da produção em dezembro, quando a indústria teve retração de 3,5% na comparação com novembro. Foi o pior resultado mensal desde dezembro de 2008 (-12,2%), período no qual o país ainda sentia com força os impactos da crise global detonada naquele ano.

Segundo André Macedo, gerente do IBGE, os empresários, ao responderem à pesquisa do instituto, relataram como principal causa para o menor ritmo em dezembro férias coletivas e paralisações de suas linhas produção.

“As férias coletivas têm relação com estoques elevados, como no caso do setor automobilístico e de toda a sua cadeia [de fornecedores, como autopeças, vidros, borracha, plástico e outros], além da freada do consumo especialmente no segundo semestre.”

Para Macedo, a perda de velocidade da indústria entre julho e dezembro –quando cresceu apenas 0,3%, abaixo dos 2,1% do primeiro semestre– é reflexo dos efeitos de juros mais altos, restrição de crédito e inadimplência em patamar elevado sobre o consumo.

Em novembro de 2013, a produção havia recuado 0,6% frente outubro –o dado original apontava uma queda de 0,2%, mas foi revisado para uma taxa ainda mais negativa. Já em relação a dezembro de 2012, houve queda de 2,5%, interrompendo três meses seguidos de crescimento da produção nesse tipo de comparação. O resultado foi ainda o menor desde março do ano passado (-3,3%).

Editoria de Arte/Folhapress

SETORES

Em 2013, os setores com as altas mais expressivas foram os de veículos (7,2%), refino de petróleo e álcool (7,3%) e máquinas e equipamentos (6,1%). Já as quedas de destaque ficaram com edição e impressão (10,2%), farmacêutica (9,7%) e indústria extrativa (-4,1%).

O forte tombo da indústria em dezembro, por sua vez, foi ditado pelas retrações de importantes segmentos como veículos (17,5%), máquinas e equipamentos (6,2%), farmacêutica (11,7%) e refino de petróleo e álcool (4,3%). Dos 27 setores pesquisados, apenas 5 registraram crescimento em relação a novembro.

Para 2014, analistas esperam ainda um ano difícil para o setor e com baixo crescimento diante de juros ainda em expansão e crédito escasso para o consumo. Há ainda o receio de piora do mercado de trabalho.

Outro foco de atenção é com o câmbio. É que a desvalorização do real provocada pela crise de confiança em países emergentes ajuda setores exportadores, mas eleva os custos de produção de ramos que dependem de insumos importados.

Fonte: Folha de São Paulo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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