Caixa suspende novos empréstimos para financiamento imobiliário com recursos da poupança
A Caixa Econômica Federal orientou sua rede de agências a suspender todos os novos pedidos de financiamento imobiliário com base em recursos da caderneta de poupança. Isso porque nos últimos meses houve um saque recorde da poupança, o que levou a Caixa a ficar sem dinheiro para conceder novos empréstimos. A informação foi transmitida por fontes ligadas ao banco e ao setor da construção civil, e confirmadas pela reportagem por funcionários da Caixa.
Apenas nos quatro primeiros meses do ano, 8,9 bilhões de reais foram retirados da poupança da Caixa, o que corresponde a 37,5% – ou 23,7 bilhões de reais – dos saques totais do sistema. A maior parte da linha de crédito habitacional do banco vem de recursos da poupança. Dos 128,8 bilhões de reais contratados no ano passado, 79,4 bilhões de reais vieram do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – ou seja, mais de 60% das operações tiveram como fonte os depósitos das cadernetas.
As operações com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) responderam por 40,9 bilhões de reais e 8,5 bilhões de reais foram contratados com recursos de outras fontes.
A suspensão dos novos financiamentos da casa própria foi passada às agências por determinação da diretoria da Caixa. Um gerente ouvido pela reportagem, que falou sob a condição de anonimato, disse que a “prioridade” do banco era contratar o que tinha sido aprovado até o dia 10 de abril, antes de a Caixa subir os juros. O banco precisa honrar os contratos assinados antes de aprovar novas operações.
“Do que foi aprovado a partir do dia 13 de maio não temos garantia de contratação, porque o banco não tem recurso para fazer essas operações”, afirmou o gerente. “Nos orientaram a ter cuidado para não prometer o financiamento ao cliente e depois não cumprir porque o banco não tem o dinheiro disponível”, completou.
Oficialmente, a Caixa afirmou que as operações com recursos da poupança estão ocorrendo “dentro do que foi estimado e programado”. Informou também que “o foco” este ano é o financiamento de imóveis novos para a habitação popular. É o caso das operações do programa Minha Casa Minha Vida e daquelas que têm o FGTS como fonte de recursos.
“A Caixa esclarece que os canais são livremente escolhidos pelos clientes, conforme conveniência de atendimento e sem qualquer direcionamento do banco”, informou a Caixa, em nota, sobre o comportamento dos funcionários.
Fonte: Estadão