BATE PRONTO 88

Enfim, o Ministério Público resolveu se movimentar e agora o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) terá que prestar contas da gestão administrativa e financeira de 2012, 2013 e 2014. Para analistas, alguns poderão ser fisgados pelos potentes anzóis da empresa de auditoria externa, que fará devassa na autarquia. Diga-se, devassa muito bem-vinda, para esquadrinhar a vida da empresa nos últimos anos. Quem não deve, certamente está tranquilo. Mas ……. Até a próxima coluna.

SAAE I

Espécie de caixa preta, o SAAE terá que abrir as portas para a transparência, que deve ocupar posição de destaque na área pública. A autarquia não pertence aos gestores (passageiros) da Prefeitura de Alagoinhas. É um patrimônio de todos os alagoinhenses, mesmo que muitos não saibam disso.

SAAE II

Frase que o editor do Alagoinhas Hoje ouviu, nesta segunda-feira, de ocupante de cargo de confiança na administração municipal: “O Ministério Público está querendo fazer uma CPI interna no SAAE”. O tom foi de completo inconformismo. Muitos estranham a ação fiscalizadora do MP. Ao contrário, o Alagoinhas Hoje não vê com bons olhos a inércia da instituição.

SAAE III

Provavelmente, o MP fará o papel fiscalizador que deveria caber à Câmara de Vereadores, completamente desmazelada na cobrança de transparência das duas gestões do SAAE, capitaneadas, respectivamente, pelo engenheiro Sílvio Viana e pelo contador Elmar Mendes.

SAAE IV

A auditoria, se tiver um viés técnico, constatará em campo milhares de ligações clandestinas que certamente impactam no equilíbrio financeiro da autarquia, antes joia da coroa, hoje uma velhinha desdentada, quase sem força para reagir e caminhar rumo ao futuro. Só com muito trabalho, visão estratégica e distância dos interesses políticos eleitoreiros, o SAAE conseguirá ser reerguido. Missão hercúlea.

SAAE V

Fontes do Alagoinhas Hoje, sob condição de anonimato, disseram que as duas administrações do SAAE, antes da atual gestão, transformaram a empresa na casa da mãe Joana, onde quase tudo era permitido. A racionalidade administrativa passou longe da sede da autarquia.

SAAE VI

A auditoria, se bem feita, terá efeitos mais devastadores do que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), tentada duas vezes por vereadores de oposição e barrada pela bancada situacionista. Não sendo auditores, os vereadores certamente deixariam passar muitas coisas. Os auditores, ao contrário, farão um pente fino nas contas do SAAE sem o estardalhaço político próprio das CPIs.

SAAE VII

Políticos da base são dóceis ao Executivo e acabam desempenhando o script programado pelos operadores do governo, sempre poderoso quando está em jogo a instalação de uma CPI. Diferentemente dos vereadores, os auditores atuam com embasamento técnico e não são “conversáveis”.

SAAE VIII

A auditoria de empresa especializada e com nome no mercado certamente encontrará muitos esqueletos carcomidos pelo tempo nos armários do SAAE, pois até os mortos deixam rastros. Algumas pegadas não são apagáveis, mesmo que tenham sido lavadas com creolina.

SAAE IX

A formalidade dos processos, algo fundamental na gestão pública, deu lugar nos últimos anos à completa informalidade, caminho mais fácil para os descaminhos administrativos. O SAAE e seu processos precisam ser redesenhados, numa nova configuração que privilegie a gestão profissional e mantenha os políticos bem distantes da empresa.

SAAE X

Crises são muito mais do que momentos de tensão e de inércia. Quando bem enfrentadas, podem ser grandes oportunidades para a construção de novos parâmetros administrativos. O SAAE, patrimônio do povo de Alagoinhas, se conduzido adequadamente, poderá sair desta situação vexatória na qual está mergulhado. Uma empresa de água não pode se afogar em seu próprio manancial e menos ainda no recente mar de incompetência abissal. Em boa hora, o MP resolveu agir. Talvez, seja o primeiro passo para o soerguimento da autarquia, desatando-a das amarras políticas, sempre deletérias.

Foto: SECOM/PMA