Artista denuncia racismo institucional de servidora da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo

No dia 18 de dezembro de 2018 por voltas 21:40 me dirigi a Biblioteca Municipal de Alagoinhas para visitar a abertura da exposição que estava ocorrendo no espaço. Ao tentar entrar, no espaço que tinha o portão encostado, fui BARRADO por funcionária DA SECRETARIA DE CULTURA, que me perguntou se Eu tinha convite. Perguntei: “- Convite? E é pra convidado?” Ela disse que era sim para convidado. Perguntei novamente: ” Precisa ter convite para entrar? Numa exposição? Ela disse: “Precisa.” Continuei perguntando: -” É sério? – Ela responde: É! Eu disse: – Eu saí de minha casa pra ver a exposição e precisa convite pra entrar? – Ela me disse com essas palavras: “VOCÊ ENTRA, OLHA A EXPOSIÇÃO E VOLTA!” enfaticamente.

Assim permitiu que eu entrasse no espaço. Perguntei a todos os amigos  que encontrei no espaço se eles precisaram mostrar convite ou foram barrados na porta pela funcionária ou algum outro. Eles informaram que não. Por isso estou aqui relatando o CRIME DE RACISMO e o Racismo Institucional efetuado por uma servidora devidamente uniformizada com a camisa da SECET contra minha pessoa.

Indaguei aos conhecidos que estavam no evento se os mesmos tiveram que apresentar convite para entrar e todos os questionados informaram que não houve necessidade de convite. Relatei o ocorrido aos membros próximos e a duas servidoras da Secretaria de Cultura município. Logo após fui até a funcionária que me barrou, que me impediu de entrar indagar o motivo, e se a mesma tinha feito o procedimento de solicitar convite a todos. Ela me respondeu enfaticamente que SIM, PEDIU CONVITE A TODOS E BARROU TODOS. Neste momento informei a ela que a Secretaria de Cultura era um espaço PÚBLICO, ali estava ocorrendo um evento PÚBLICO, e que a mesma não poderia barrar nenhum cidadão do município, principalmente num evento de cultura que não exigia convite. O convite/divulgação foi feito de maneira pública para todos os cidadãos. Ela insistiu que tinha barrado e pedido convite a todo mundo e o evento exigia convite sim.

Neste momento informei a ela que eu sou também servidor do município e que eu mesmo imprimi os folders e material de divulgação do evento que ocorria, a pedido dos organizadores, além disso conhecia os organizadores  e também sou artista do município e por este motivo eu SABIA QUE O EVENTO NÃO EXIGIA CONVITE.

NO ESPAÇO PÚBLICO MUNICIPAL NÃO SE PODE BARRAR ACESSO DE MUNÍCIPES SEGUINDO OS CRITÉRIOS IMPLANTADOS POR DETERMINADO FUNCIONÁRIO. A mesma me informou que também barrou uma pessoa que se dizia artista e amigo da organização, mas que entrava na Biblioteca para dormir, ou seja, eu não fui o único a ser barrado (segundo ela) por estereótipos.

Espero, independente de credenciais, a devida atitude e resposta da Prefeitura Municipal de Alagoinhas, pelo racismo institucional deflagrado por ela, pelo desrespeito ao cidadão quanto a sua dignidade, uma vez que a organização do evento não barrou ninguém, não existia normativa sobre o acesso – e nem poderia existir – a não ser a seleção racista da funcionária em questão e o espaço da biblioteca é público, com atividades financiadas pelos contribuintes do município, ou seja, atividades com fins públicos, uma vez que a mesma se encontrava uniformizada no exercício da sua função.

Registrei essa denúncia na Ouvidoria do Município de Alagoinhas (Protocolo: 00758.2018.000839-50) por entender a responsabilidade do mesmo, no dia 19 de dezembro, além de ter conversado diretamente com o Ouvidor, que me deu um prazo de 10 dias para posicionamento.

Aguardei o prazo de 30 dias de acordo com protocolo da denúncia e até a presente data (24/01) não obtive resposta. Portanto, registrei também denúncia na SEPROMI (Centro de Referência de Combate ao Racismo) e no Ministério Público.

Não informei aqui os nomes da funcionária e nem de terceiros, mas constam nas queixas registradas. O mais importante é que esse tipo de situação preconceituosa não volte a ocorrer em nenhum lugar, principalmente quando ela é uma atitude de funcionários públicos que estão servindo e representando a entidades públicas.

Adriano Conceição Machado

 

Foto: UAMA

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

Menu de Topo