Alunos da Ufba fazem prova em salão de festa de prédio
Estudantes do quarto semestre de cursos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) fizeram a última prova de 2016 no salão de festas do prédio onde mora um professor, após o anúncio da greve dos servidores técnicos administrativos, iniciada na segunda-feira (24) em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos nas próximas duas décadas.
A ideia de levar os alunos para o próprio prédio onde reside, no bairro Jardim Apipema, foi do professor do Instituto de Física da UFBA Gildemar Carneiro, que disse ter imaginado que a paralisação fecharia as salas de aula — o que não ocorreu.
O docente, que leciona na instituição de ensino desde 1994, afirma que é a favor da greve dos servidores, por também ser contra a PEC, mas diz que procurou evitar que os estudantes fossem prejudicados com a paralisação que, conforme os servidores, é por tempo indeterminado, enquanto ocorrer a tramitação da PEC 241 na Câmara dos Deputados e no Senado.
“Os alunos colaboraram muito. O número de ausência foi bem menor do que o usual, foram muito educados, e só lamento não ter água disponível para eles, pois a maioria veio de ônibus e andou bastante para chegar a tempo”, disse o professor.
“Alguns alunos estavam com o voo marcado para 10:30 da segunda, para Brasília, para participar de um Congresso da área deles. Eles compraram a passagem justamente por terem a garantia de saber que eu não mudo data de prova”, completou o docente.
Sobre a paralisação dos servidores, o professor afirmou ser relevante. “Acho que a greve dos funcionários é muito relevante, visto que a PEC 241 é um golpe na educação e na saúde do sofrido povo brasileiro. O problema é começar a greve justamente no último dia do semestre. As greves sempre prejudicam os alunos, pois o objetivo da greve é pressionar por meio de prejuízos na produção. Nossa produção é o conhecimento dos alunos. Só driblei a greve porque o prejuízo seria desproporcional”, destacou.
O professor afirmou que o Regulamento da Graduação não especifica que as provas devam ser aplicadas no campus. O G1 tentou contato com a assessoria de comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) nesta terça-feira, para falar sobre o assunto, mas não obteve êxito.