Jornal Gazeta dos Municípios circula na quarta-feira

Economia parada, lavoura perdida, gente e animais morrendo de fome e sede, fuga para estados do sul e sudeste. Esse é o quadro desolador que vive a Bahia com a estiagem, a pior dos últimos 50 anos. A situação chegou a tal ponto que prefeitos atingidos pela seca criaram o Movimento Sem Água, com o objetivo de pressionar o governo federal na adoção de medidas práticas, objetivas e emergenciais para salvar o Nordeste. Maior estado da região, a Bahia também é a maior impactada pelos efeitos da seca.

A dor do sertanejo com a perda de rebanhos e a falta de água até para beber, as diferenças entre o Estado que inaugura um estádio como a Arena Fonte Nova, regada de riqueza e beleza para inglês ver e as favelas de Salvador, as injustiças sociais provocadas até mesmo pelas prefeituras que pensam em micaretas e festas juninas, até pelo aumento dos bolsões de misérias, são temas abordados nesta edição do Jornal Gazeta dos Municípios. A edição traz uma visão de vários analistas sobre esses assuntos, abordados por alguns em períodos de campanha, a famosa indústria da seca, tão famosa entre os sertanejos quanto a própria fome.

A advogada Daniele Barreto traz um perfil completo da seca na Bahia. O deputado Paulo Azi acusou o governo petista de interromper o programa de fortalecimento da infraestrutura hídrica do estado e de fazer o enfrentamento da seca – que desola milhares de famílias e negócios rurais -, com cisternas e carros-pipa.

O ex deputado Othoniel Saraiva traça um perfil da seca em artigo publicado em 1997, mas tão atual quanto a própria fome dos que perderam tudo e não têm mais a esperança, pois o gado virou pó e a fome dormiu no corpo. Mas ainda resta o sertanejo, que, em busca de comida e água, deixa seus lugares de origem como última forma de sobrevivência. Misturam-se às cidades já superlotadas e faveladas. Drogas, fome, miséria e desigualdades sociais são a rotina dos grandes centros, principalmente em Salvador, capital que oferece um dos piores níveis sociais do país.

Campeã em violência no país, a ex capital do Brasil é o resultado de políticas selvagens que foram implantadas ao longo dos últimos 30 anos, quando o poder econômico está nas mãos de poucos, na maioria brancos, enquanto a maioria está favelada, faminta, vivendo em submoradias ou ganhando salários miseráveis. Enquanto isso, o Estado inaugura uma moderna Arena esportiva, o pólo petroquímico de Camaçari continua concentrando grande parte do parque industrial baiano e a pobreza vai aumentando.

Solicitado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), o secretario da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, que esteve com produtores rurais na semana passada, retornou à instituição na última terça-feira (10), para participar de reunião intermediada pelo presidente da Faeb, João Martins, com presidentes de sindicatos rurais do Semiárido, para apresentar as ações que estão sendo realizadas para minimizar os efeitos da seca.

CAPA GAZETA

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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