O futuro da mobilidade urbana sustentável – Adolfo Konder


Nas duas próximas décadas, a eletrificação dos veículos mudará de forma radical a vida nas médias e grandes cidades do Brasil — assim como vem provocando transformações na Europa, na China e em outras partes do mundo. O uso de matriz energética limpa, associado a um movimento de maior compartilhamento dos meios de transporte, será o caminho para uma mobilidade urbana verdadeiramente sustentável.

Especialistas afirmam que o Brasil terá, até 2035, cerca de 5,5 milhões de carros elétricos ou híbridos em circulação. Daqui a apenas 12 anos, dois terços dos veículos vendidos no país serão eletrificados. Em 2022, foram comercializados 49.245 veículos leves eletrificados no Brasil — 2,5% do total de emplacamentos; em 2021, havia sido 1,8%.

No fim do ano passado, o Brasil registrou 126.504 veículos eletrificados em circulação — 41% a mais em relação ao ano anterior. O crescimento dos veículos puramente elétricos foi ainda maior: cerca de 200% sobre os números de 2021.

A redução gradual da quantidade de veículos movidos a combustão fóssil é fundamental para alcançarmos as metas mundiais de diminuição da emissão de gases poluentes. As atividades de transporte são responsáveis por 46% das emissões de CO2 do setor de energia, e o transporte motorizado individual responde por 77% das emissões no transporte de passageiros.

O estado do Rio — que reúne condições de se tornar referência para o país na mobilidade urbana sustentável — é o terceiro com mais veículos eletrificados: 9.812 (dezembro de 2022), atrás de São Paulo e Minas. Entre as capitais, o Rio está em segundo. Para incentivar ações de preservação, o governador Cláudio Castro anunciou parceria para criar uma plataforma de compra e venda de créditos de carbono e ativos sustentáveis, como energia, clima e florestas.

Se o número de veículos leves eletrificados aumenta em ritmo acelerado, o de ônibus elétricos ainda é irrisório no Brasil: apenas 1,86% do total. No mundo, já há mais de 600 mil ônibus elétricos. O estado precisa ser o indutor da tendência, criando circunstâncias de mercado que apoiem o transporte limpo e coletivo do futuro.

Entretanto, somente a redução na emissão de CO2 não basta para resolver o problema de mobilidade que, num país com 60 milhões de automóveis, afeta a qualidade de vida. É preciso ter um sistema de transporte mais compartilhado e mais acessível à população. Associar a busca por energia mais limpa ao esforço por um transporte público de mais qualidade. Reforçar o modelo de compartilhamento e diminuir a quantidade de veículos nas ruas. E priorizar o transporte não motorizado sobre o motorizado, as ciclovias, os espaços para pedestres.

O futuro, portanto, são os veículos elétricos, o compartilhamento do transporte, a mudança de foco do transporte individual para o coletivo — mais eficiente, barato, rápido e solidário. Pode não parecer, mas esse futuro está próximo. E nunca esteve tão a nosso alcance como agora.

Adolfo Konder é presidente do Detran – RJ

Fonte: O Globo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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