200+20: Conheça as cidades brasileiras que já deram gritos de independência tecnológica

Em meio à acelerada transformação digital da economia, cinco municípios se destacam no país ao investir em educação e inovação. Experiências dão receitas de desenvolvimento

Ser uma economia forte já teve vários significados para o Brasil. No princípio, virar um gigante agrário e exportador. Depois, erguer um parque industrial diversificado. Mais recentemente, estimular um setor de serviços robusto, capaz de gerar mais e melhores empregos.

Duzentos anos depois da Independência, sua melhor tradução é a capacidade de inovar e inserir tecnologia, inclusive nas atividades econômicas tradicionais.

E o país já criou ilhas de independência tecnológica, onde uma boa ideia pode se transformar em uma empresa de ponta, seja para tornar ainda mais produtivo o agronegócio ou fazer a indústria dar um salto de competitividade.

O desafio, apontam especialistas, é ampliar o investimento em educação e inovação para, num futuro próximo, esta nova Independência alcançar brasileiros de todos os cantos do país.

Conheça a seguir cinco cidades que se tornaram ilhas de independência tecnológica e têm a receita para acelerar o desenvolvimento do país.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)

Uma ‘cidade inteligente’ que dá asas a novas ideias

A inovação e a tecnologia sempre estiveram no DNA de São José dos Campos, no Vale do Paraíba paulista. Estão lá a Embraer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e foi essa associação entre empresa e academia num dos setores econômicos mais avançados do mundo que colocou a cidade entre as 20 mais ricas do país. Aviões são fruto de alto desenvolvimento industrial. A novidade é a incorporação do uso da tecnologia à gestão pública.

Em março, São José, que fica a 98 quilômetros de São Paulo, recebeu o título de Cidade Inteligente com base em normas internacionais e análise de 279 indicadores. No mundo, só 79 cidades ostentam essa condição.

— Não é só ter tecnologia. É fazer essa tecnologia trabalhar para melhorar a vida dos cidadãos — diz o prefeito, Anderson Farias (PSD).

Em mobilidade urbana, a cidade está implementando a Linha Verde, um corredor com 20 quilômetros de extensão, com 12 veículos elétricos, os VLPs, criados pela chinesa BYD e pela brasileira Marcopolo. Eles têm capacidade para 168 passageiros e rodam sem ruído ou poluição.

A tecnologia também está ajudando a reduzir índices de criminalidade e desmatamento. O Centro de Segurança de Inteligência (CSI) é um dos únicos do país. Trata-se de um sistema de mil câmeras potentes, de tecnologia chinesa, que monitoram a cidade 24 horas, em tempo real.

Elas conseguem localizar, por exemplo, o suspeito de um roubo com informações das características físicas e roupas. Também rastreiam com precisão a placa de um carro roubado e indicam seu trajeto.

— A região do Vale do Paraíba é violenta, mas São José apresenta os menores indicadores de criminalidade dos últimos vinte anos. Os furtos de veículos, por exemplo, caíram 66% – diz Peter Ribeiro, diretor do CSI.

Com a ajuda de satélites, a prefeitura consegue detectar o desmatamento. Pela sobreposição de fotos, as imagens apontam, por exemplo, corte de árvores em áreas de preservação ambiental.

Uma fazenda de energia solar em construção vai proporcionar uma economia de 30% na conta de luz dos prédios públicos. E semáforos inteligentes, através de um sistema do Google, rastreiam os celulares dos motoristas e ajustam o tempo de abertura, reduzindo os congestionamentos.

— E 85% dos serviços públicos da prefeitura estão disponíveis através de aplicativos — diz o secretário de Desenvolvimento Econômico, Alberto Marques Filho, lembrando que a cidade tem uma Lei de Inovação que estimula cidadãos a trazerem novidades para a prefeitura.

Robótica para inspeção

Outro polo de incentivo à inovação é o Parque Tecnológico do município. Reúne grandes empresas, start-ups, institutos de pesquisa e inovação, universidades, aceleradoras, além do cluster aeroespacial, que buscam sinergia para o desenvolvimento de novas tecnologias e negócios.

Já são 330 empresas que se relacionam com o parque. Há onze laboratórios de testes, e circulam por ali 5 mil universitários e 2,2 mil empregados.

Estão incubadas no parque start-ups como a Autaza, formada por ex-alunos do ITA, que utiliza robótica para detectar defeitos na carroceria de automóveis. O sistema está sendo testado pela General Motors, dos EUA. Já a Altave usa balões para fazer monitoramento de eventos e leva o sinal de Wi-Fi para área remotas. A empresa atuou na segurança das Olimpíadas do Rio, em 2016.

— De cada quatro ideias que chegam aqui, três viram negócios — diz Marques Filho.

SANTA RITA DO SAPUCAÍ (MG)

Vale da Eletrônica aproxima Estado, indústria e academia

Quem chega a Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, se depara com grandes plantações de café e muitas vacas pastando pelos campos. Mas 60% do Produto Interno Bruto (PIB) local saem das indústrias de tecnologia instaladas ali. A cidade ostenta o título de Vale da Eletrônica.

Aqui estão 170 empresas desse setor, de ramos tão distintos como eletrobiomedicina e telecomunicações, que movimentam R$ 3,6 bilhões por ano e geram 14 mil empregos. O município sempre teve vocação para inovação.

 Fonte: O Globo

Maurílio Fontes

Proprietário, jornalista, diretor e responsável pelo Portal Alagoinhas Hoje

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