Uma parte da crise – Maurílio Fontes
A exoneração de José Gomes, agora ex-diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), resolve apenas parte da crise.
Com certa demora, o prefeito Joaquim Neto se impôs como chefe do Executivo e mostrou força.
Existiam duas opções: a exoneração de um subordinado insubordinado ou a desmoralização.
Gomes contava com certa leniência do alcaide.
Joaquim Neto foi eleito para governar por 1.460 dias. Sem a atitude oficializada nesta quarta-feira, antecipada pelo Alagoinhas Hoje na tarde de ontem, o governo teria acabado um mês antes do seu centésimo octogésimo dia, momento emblemático para avaliar acertos e erros.
Nada pior do que um governo fraco no começo de administração.
Gomes foi defenestrado por ter falado além da conta e desobedecido regras primárias de uma aliança política/administrativa.
Mas a situação precisa ter pontos mais claros em relação ao Partido Verde.
Quem fica e quem sai?
Seguramente, os mais ligados ao ex-prefeito Chico Reis, sentindo-se traídos pelo gestor da Prefeitura de Alagoinhas, deverão pular fora da administração.
Um pulo no escuro em tempo de crise.
Uma fonte me informou no final da tarde que o grupo rachou, mas não soube dizer em que percentual. A divisão é uma esperança para quem deseja ficar, mas com uma necessidade política fundamental: será preciso sair do grupo Chico Reis, passando a ter o prefeito como líder, sem qualquer tipo de intermediação.
A não exoneração imediata dos verdistas alojados no SAAE pode ser uma senha do governo para os possíveis ex-chiquistas. Muitos deles, certamente, com base em análises racionais, não devem ver muito futuro em um grupo tão errático, que vive tendo o retrovisor como guia político. O futuro é logo ali, mas os tempos são difíceis para os inadaptáveis.
As costuras políticas precisam ser alinhavadas.
Em primeiro lugar, a decisão da professora Iraci Gama é fundamental nesta crise.
Sair ou ficar: eis as opções que estão postas diante da vice-prefeita e secretária de Cultura, Esporte e Lazer.
Saindo, demonstrará fidelidade ao ex-prefeito Chico Reis.
Ficando, não poderá olhar para trás e nem fazer mais profissão de fé em defesa do chiquismo. Para a cidade, sua permanência representa muito.
Para o governo, uma vitória sobre seu novo adversário. A política, no entanto, não é feita apenas com base na vontade pessoal.
Ela é resultado das circunstâncias, que às vezes impõem caminhos não desejados. Neste momento, a principal “peça” no tabuleiro político de Alagoinhas é a professora Iraci Gama.
Que sua decisão seja baseada nos interesses comunitários e não nas demandas restritas de um grupo político.