A eficiência na gestão de campanhas políticas – Maurílio Lopes Fontes*
Em meus artigos, desde a década de 90 do século passado, tenho ressaltado a importância do marketing na estruturação estratégica de campanhas eleitorais/políticas.
Não há novidades nisso. Entretanto, ainda existem dúvidas quanto ao retorno dos recursos empregados, que mais se assemelham a manobras diversionistas para facilitar a negociação de valores entre potenciais clientes e consultores eleitorais. Um dos objetivos precípuos do marketing é estabelecer as melhores estratégias para conquistar segmentos de eleitores.
Portanto, a correta utilização do marketing resultará em economia de recursos, ganho de tempo (“matéria prima escassa em campanhas) e na inexistência do retrabalho, que em larga medida complica muito as chances de vitória.
Ao longo dos anos tenho me deparado com políticos de variadas matizes, porque a nós, profissionais de marketing político, não cabe o papel de ideólogos de qualquer corrente. Mas, via de regra, o diálogo começa pelos possíveis valores atinentes à coordenação estratégica de campanha.
Sem entender – ou querer compreender – o papel do profissional de marketing, os políticos alegam que os valores apresentados não estão em consonância com os recursos disponíveis ou a serem arrecadados ao longo da disputa.
Para exemplificar, cito um fato ocorrido em 2004: não aceitando os valores propostos, um candidato fez a campanha sem um profissional de marketing. Meses depois, já empossado e exercendo suas funções, me disse que gastara muito mais do que o planejado por falta de alguém para coordenar a campanha.
Avançamos muito nestes vinte e cinco anos, mas ainda restam novos caminhos a serem percorridos para que a amplitude e a importância dos profissionais de marketing sejam entendidas em sua inteireza, sem mistificações e certa aura miraculosa, que interessa a alguns que estão no mercado vendendo ilusões.
Não há milagres em marketing político. O que há é trabalho duro, entendimento da dinâmica social, avaliação constante dos pontos fortes e fracos dos atores envolvidos no processo eleitoral e competência para proporcionar um diálogo adequado entre o candidato e a sociedade.
Existem outros elementos que proporcionam as condições para a vitória e muitos deles são indissociáveis do postulante ao cargo público: vida pregressa sem manchas que não comprometam sua trajetória, inserção social/profissional que assegure a conquista de pronto de determinados segmentos e capacidade para construir certos consensos em meio a dificuldades aparentemente intransponíveis.
Eficiência é palavra chave na organização de campanhas eleitorais. Sem um trabalho eficiente será muito difícil alcançar o resultado planejado. Portanto, o caminho é profissionalizar as campanhas.
* Editor do site Alagoinhas Hoje e especialista em Marketing Político, Mídia, Comportamento Eleitoral e Opinião Pública