Temer muda 59 nomes pró-Dilma de Conselhão
O presidente Michel Temer vai reunir nesta segunda-feira (21) pela primeira vez o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, em seu mandato, com um novo perfil a fim de dissociar o colegiado formado por representantes da sociedade civil daquele das gestões da presidente cassada Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dos 96 nomes que integram o Conselhão de Temer, 59 são estreantes.
Ganham espaço agora representantes da sociedade que se alinham ao governo, como os presidentes da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf – um dos principais líderes pró-impeachment -, o presidente da Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), Eduardo Eugênio Gouvea, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto. O Conselhão contará agora também com as economistas Monica de Bolle e Zeina Latif.
Em janeiro deste ano, na última reunião com Dilma, o colegiado tinha 92 integrantes. Segundo fontes do Palácio do Planalto, a intenção agora é evitar o perfil “sindicalista” e o que classificam de “caráter petista” do órgão de aconselhamento da Presidência da República. Feminina. A 45.ª edição do encontro, segundo interlocutores do Planalto, terá maior participação feminina – 65% na comparação com a lista do último evento com a presidente cassada. Haverá ainda uma participação mais proporcional dos vários setores da economia e o grupo se tornou mais diversificado.
O objetivo do governo com as mudanças é incluir especialistas de temas que não estavam contemplados, como saúde, segurança pública, primeira infância, direito do consumidor e direito homoafetivo. A intenção de Temer, segundo auxiliares, é tornar o Conselhão um órgão consulta plural, com maior participação social. “Não será um conselho que vai ouvir, mas que vai dizer. Vai abrir densa e plural expressão. Esta deve ser a sua identidade”, disse uma fonte ligada ao presidente, que também integra o órgão.
Dentre as novidades do Conselhão se destacam também personalidades da área publicitária, como Nizan Guanaes e Roberto Justus. Guanaes terá espaço para discursar. Além dele, falarão também a empresária Luiza Helena Trajano, da rede Magazine Luiza, Abílio Diniz, da BRF, e a presidente da Latam Brasil, Claudia Sender. Os três já integravam o Conselhão na era Dilma. Aproximação. Temer fará o discurso de abertura no evento, que terá ainda as falas dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda e Eliseu Padilha (Casa Civil).
O presidente buscará respaldo do meio empresarial em meio à crise econômica atual. A reunião ocorre no momento em que a Lava Jato avança sobre o PMDB, partido do presidente e a um embate entre o Legislativo e o Judiciário por questões como o projeto de Lei de Abuso de Autoridade, a possibilidade de anistia ao caixa 2 e a investigação sobre os supersalários pagos aos servidores do Judiciário. Dilma começou o seu segundo mandato e buscou no Conselhão também um respaldo para o ajuste fiscal que queria implementar.
No seu discurso, em janeiro – quando o grupo se reuniu pela última vez – a petista disse que suas “expectativas e disposição” eram as mais elevadas. “A maior qualidade deste conselho é a diversidade. A diversidade e os pontos de vista diferentes, porém baseados no princípio comum, que é o bem do Brasil. Sua maior riqueza, sem dúvida, são as diferenças que, respeitadas e expostas com honestidade, construirão os consensos. Aqui, neste espaço, a política é a busca do melhor para o País. E o partido de todos nós é o Brasil”, disse em seu discurso.
Fonte: Estadão
